Em menos de 15 dias, focos de queimadas em RO superam registros dos meses de outubro dos últimos 3 anos thumbnail
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Em menos de 15 dias, focos de queimadas em RO superam registros dos meses de outubro dos últimos 3 anos

Entre 1º e 13 de outubro de 2020, estado acumulou 1.863 pontos de fogo, enquanto em todo mesmo mês do ano passado, por exemplo, foram detectados 556 focos de calor, um aumento de 235%. Dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foco de queimada em rodovia federal de Rondônia
Fábio Tito/G1
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) contabilizou mais focos de queimadas nos primeiros 13 dias de outubro em Rondônia do que o registrado no mesmo mês dos últimos três anos. Já são 1.863 pontos de calor captados pelo satélite de referência do instituto em 2020.
Em comparação com todo mês de outubro de 2019, por exemplo, o aumento chega a 235%, pois nessa época Rondônia somou 556 focos de fogo. Também no mesmo mês em 2018, o estado acumulou 986 focos de queimadas, enquanto em outubro de 2017 foram 1.724.
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Nesses 13 primeiros dias de outubro de 2020, o estado ocupou a segunda colocação do ranking das regiões do Norte que mais acumularam focos de queimadas, ficando atrás somente do Pará
Também foi nesse período que Rondônia representou 19,1% das queimadas em toda Amazônia, que registrou 9.716 focos. O ano recorde de focos para Rondônia em outubro foi 2003, que somou exatos 7.593 pontos de fogo pelo satélite de referência Aqua do Inpe.
A capital Porto Velho aparece na primeira posição dos municípios com 479 focos de queimadas entre 1º e 13 de outubro de 2020. A quantidade de registros na cidade também superou os dados captados no mesmo mês dos últimos três anos (veja gráfico abaixo).
Em outubro de 2020, as cidades que ficaram abaixo da capital na quantidade de focos registrados foram:
Nova Mamoré – 149
Cujubim – 141
Machadinho D’Oeste – 132
Guajará-Mirim – 83
Candeias do Jamari – 81
Alta Floresta D’Oeste – 70
Pimenteiras do Oeste – 60
Apenas na comparação com todo outubro de 2019, o aumento de pontos de chamas em Porto Velho já é de 432%.
Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), declarou ao G1 que o aumento no número de focos de queimadas abrange toda Amazônia, pois a queda na quantidade de pontos de chamas em outubro do ano passado é considerada “fora do normal”.
Para Ane, o motivo do aumento das queimadas na Amazônia pode envolver dois pontos: se está queimando o que realmente se queimaria em outros anos e um alerta de seca grande em algumas regiões do Brasil. “É preocupante e é preciso observar. Acredito que a chuva é o que pode salvar”.
O número de focos de incêndio registrados na Amazônia de janeiro a setembro deste ano é o maior desde 2010, segundo dados do Inpe. Naquele ano, foram 102.409 pontos de fogo na floresta de 1º de janeiro a 30 de setembro; em 2020, no mesmo período, foram 76.030.
A coleta dos dados
O Inpe realiza medições desde 1986, após ter realizado um experimento de campo em conjunto com pesquisadores da Nasa. O sistema, porém, foi aperfeiçoado em 1998 após a criação de um programa no Ibama para controlar as queimadas no país. Os dados da série histórica estão disponíveis desde junho de 1998.
Um foco precisa ter pelo menos 30 metros de extensão por 1 metro de largura para que os chamados satélites de órbita possam detectá-lo. No caso dos satélites geoestacionários, a frente de fogo precisa ter o dobro de tamanho para ser localizada.
Os focos de calor, a grosso modo, representam qualquer temperatura registrada acima de 47ºC, mas não é necessariamente um foco de fogo ou incêndio. Na verdade, um foco indica a existência de chamas em um píxel de imagem. Neste píxel pode haver uma ou várias queimadas distintas.
Se uma queimada for muito extensa, será detectada também com píxels vizinhos àquele. Ou seja, vários focos estarão associados a uma só queimada. Neste contexto, o número produzido é um indicador, e não uma medida absoluta.
Ciclo do desmatamento
As queimadas na Amazônia têm relação direta com o desmatamento. O fogo é parte da estratégia de “limpeza” do solo que foi desmatado para posteriormente ser usado na pecuária ou no plantio. É o chamado “ciclo de desmatamento da Amazônia”.
Após o fogo, o pasto costuma ser o primeiro passo na consolidação da tomada da terra. Nos casos em que a ocupação não é contestada e a terra é de qualidade, o próximo passo é a exploração pela agricultura.
O que provoca as queimadas?
Para haver fogo, é preciso combinar: fontes de ignição (naturais, como raios, ou antrópicas, como isqueiros ou cigarros); material combustível (ter o que queimar, como madeiras e folhas); e condições climáticas (seca).
Como a Amazônia é uma floresta tropical úmida, os incêndios mais recorrentes ocorrem quando a madeira desmatada fica “secando” por alguns meses e, depois, é incendiada para abrir espaço para pastagem ou agricultura. Segundo especialistas, um incêndio natural não se alastraria com facilidade na Amazônia.
As queimadas são apenas uma das etapas do ciclo de uso da terra na Amazônia. Depois do desmate, se nada de novo acontecer, a floresta pode se regenerar. Uma floresta secundária, no entanto, nunca será como uma original, mesmo que uma parte da biodiversidade consiga se restabelecer. Na prática, o que acontece é que a mata não tem tempo de crescer de novo.
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