Uma nova pesquisa publicada na revista Neurology , da Academia Americana de Neurologia, destaca a relação entre a má qualidade do sono e o envelhecimento cerebral acelerado, especialmente em adultos de meia-idade. O estudo, liderado por Clémence Cavaillès, da Universidade da Califórnia em São Francisco, aponta que dificuldades para dormir ou permanecer adormecido podem envelhecer o cérebro em até três anos extras, aumentando o risco de demência.
Com 589 participantes de idade média de 40 anos, os pesquisadores observaram que os voluntários que relataram problemas mais graves de sono apresentavam uma idade cerebral 2,6 anos superior àqueles com bom padrão de descanso. “Os resultados indicam que o sono tem um impacto profundo na saúde cerebral”, explicou Kristine Yaffe, coautora do estudo.
O impacto da má qualidade do sono
Dentre as principais consequências da má qualidade do sono, destacam-se dificuldades de concentração, problemas de memória e maior risco de doenças neurológicas, como Alzheimer e Parkinson. Isso deve afetar o sono profundo na limpeza e recuperação do cérebro, especialmente por meio do sistema glinfático, que remove substâncias nocivas associadas a doenças neurodegenerativas.
Estratégias para uma vida mais saudável
Para reverter esse quadro, os especialistas recomendam adotar hábitos saudáveis, como manter uma rotina regular de sono, praticar atividades físicas e evitar substâncias como álcool e cafeína antes de dormir. Giuliana Macedo, especialista em medicina do sono, reforça que cuidar da qualidade do sono é crucial para a saúde geral e a prevenção de doenças cardiovasculares, como hipertensão e infarto, além de AVC.
Amauri Godinho Júnior, neurologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, aponta que a hiperestimulação provocada pelo uso excessivo de celulares e mídias sociais é uma das principais causas de insônia. “Trocar o sono pelo uso contínuo dessas tecnologias resulta em destruição excessiva durante o dia e perda de concentração”, alerta.
Fatores de risco e envelhecimento cerebral
Outro estudo, conduzido pela Universidade de Yale e publicado em Neurologia , destacou que fatores de risco como pressão arterial elevada, colesterol descontrolado e hábitos não saudáveis, como dormir mal, estão diretamente ligados ao aumento de problemas neurológicos em pessoas de meia-idade. Os participantes com pior qualidade de sono apresentaram o dobro do risco de desenvolver condições como AVC, demência ou depressão tardia.
Os especialistas salientam que o sono é uma ferramenta crucial para a manutenção da saúde cerebral a longo prazo e deve ser priorizada num mundo cada vez mais acelerado.
Fonte:Correio Braziliense
Foto:Curiosamente
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