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Dono de fábrica de parafusos relata dificuldade para conseguir crédito: 'Bancos estão travando'

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Empresário diz que está buscando um crédito de cerca de R$ 150 mil para capital de giro e que já teve o pedido negado em 3 bancos. Humberto Gonçalves, dono de fábrica de parafusos, porcas e arruelas na Mooca, em São Paulo.
Arquivo pessoal
Com tombo de mais de 50% no faturamento mensal, despesas fixas elevadas e impostos atrasados, o empresário Humberto Gonçalves, dono de uma pequena fábrica de parafusos, porcas e arruelas, em São Paulo, diz estar enfrentando dificuldades para ter acesso às linhas de crédito com condições mais favoráveis anunciadas pelo governo federal e pelos bancos públicos para ajudar as empresas a enfrentar esse período de pandemia de coronavírus.
Ele conta que está buscando um crédito de cerca de R$ 150 mil para capital de giro e que já teve o pedido negado em 3 bancos.
“As linhas existem, só que os bancos não querem colocar nada de risco deles. Os bancos estão travando. Para pegar financiamento em algumas dessas linhas você tem que ter uma garantia muito boa. Mas se eu tivesse garantia, não precisaria recorrer a banco”, resume o empresário.
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Segundo ele, os bancos não aceitaram nem mesmo a oferta do galpão da fábrica como garantia. A fábrica, que tem como principais clientes empresas da construção civil pesada, de máquinas agrícolas e do setor automotivo, funciona em um endereço próprio no bairro da Mooca.
“Não temos acesso às linhas do BNDES com carência de anos para pagar e com juros baixíssimos, não temos esse tipo de coisa. Estamos à mercê da sorte”, afirma.
Como resposta, segundo o empresário, os bancos respondem que a empresa não atende às exigências para obter linhas e citam também impostos atrasados.
“De fato, tenho impostos estaduais e federais em atraso, mas nosso setor vem há anos carregando problemas. Até meados de março a empresa vinha num excelente ano, tudo indicava que 2020 seria um ano de recuperação. Mas, de repente, veio uma freada desse jeito. Nenhum lugar do mundo estava preparado para isso”, justifica.
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O empresário explica que a situação é tão excepcional que é a primeira vez em em 12 anos que viu a necessidade de buscar um empréstimo para capital de giro.
“O último empréstimo grande que peguei em um banco foi em 2008. De lá para cá sobrevivo com meu próprio trabalho”, diz.
Ele conta que já utilizou a linha de crédito lançada para financiar a folha de crédito, mas que esse empréstimo é insuficiente para as suas necessidades.
“Consegui R$ 15 mil que o banco disponibilizou automaticamente, mas não cobriu toda minha folha. “Preciso de um capital de giro porque tenho cliente que foi obrigado a ficar fechado. Preciso ter algum fôlego para o dia a dia, para usar na folha de pagamento, numa compra de matéria-prima emergencial ou manutenção”, explica.
A metalúrgica tem 46 funcionários e, segundo o empresário, optou por não reduzir a jornada de trabalho ou suspender contratos, por enquanto. Como a empresa tem autorização para manter as atividades, fez apenas ajustes nos horários de troca de turno e colocou parte dos funcionários em home office.

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