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Do campo à mesa: trabalhadores mudam rotina na pandemia para garantir alimentos

G1 conversou com profissionais que mantém expediente enquanto parte da família precisa ficar em casa. Na indústria de frango, empresa e granjas do DF incorporam novas medidas. Trabalhadores do ramo alimentício no DF mudam rotina na pandemia
Morar na área rural de Planaltina, no Distrito Federal, sempre foi para Tiago Oro, de 35 anos, uma forma de isolamento social. Chefiando uma granja de frango, pela 8ª geração da família, ele conta que a pandemia do novo coronavírus trouxe mais cuidado com trabalhadores que chegam das áreas urbanas, mas a produção não parou.
“Precisamos garantir a comida da população , a sobrevivência e os empregos, em função disso, nossa atividade é essencial.”
A cada dois meses, a granja envia cerca de 720 toneladas de frango para uma indústria, no DF. Oro é uma das partes na produção local de 175 mil aves por mês, compradas pela empresa Seara.
Na fábrica, a proteína é transformada em produtos distribuídos na capital e em outros estados do Brasil, além da exportação para 150 países.
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Granja da família de Tiago Oro, em Planaltina, no Distrito Federal
Arquivo pessoal
“Nós que trabalhamos nessa área de agricultura já temos uma metodologia de prevenção e protocolos sanitários. O que nós fizemos foi reforçar esses protocolos”, explica Oro.
Segundo o produtor, a quantidade da oferta não foi alterada até o momento. Entre os novos cuidados, foi introduzido o uso obrigatório da máscara de proteção e o rigor da higienização das mãos.
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Na granja, são oito funcionários, além das equipes técnicas e entregadores de ração que passam pela propriedade a cada dois dias. A casa da família fica no mesmo lote de produção e os cuidados de prevenção no ambiente de trabalho também valem para proteger a família.
A mãe de Oro, com 60 anos, não tem comorbidades. Já o pai, de 62 anos, tem hipertensão e diabetes. Na casa, além dos pais, moram a esposa e as duas filhas, de 5 e 2 anos.
“Nosso deslocamento é praticamente para fazer compras ou manutenções. O restante, está vetado.”
Do campo para a fábrica
Setor de corte de frango em fábrica do Distrito Federal
Carolina Cruz/G1
“Chegar em casa e lavar a máscara pra, no outro dia, estar aqui firme e forte”. O relato é da rotina de Josilene Andrade, de 34 anos. Ela é um dos 1,5 mil profissionais que trabalham na indústria que recebe o frango das granjas – como a de Tiago Oro e transforma a proteína em produtos vendidos nos supermercados.
Josilene mora na região de Samambaia, perto de onde está localizada a fábrica. Ela conta que desde o início da pandemia, muita coisa mudou na empresa.
“Na produção, tá todo mundo com máscara e óculos. Também teve separação, com acrílico, e marcas no chão pra manter o distanciamento em várias partes da empresa.”
Na portaria, Josilene só entra depois de passar por uma aferição de temperatura. Quem estiver com febre, vai direto para o ambulatório. Da catraca de entrada até a porta da fábrica, marcações pelo chão fazem a referência do distanciamento de um metro que deve ser mantido entre os funcionários.
Fábrica da Seara, no DF fez marcações no piso para que funcionários mantenham o distanciamento
Carolina Cruz/G1
“Como todo mundo tá correndo risco, eu fico feliz de ver a preocupação das pessoas, de estarem se protegendo, se ajudando.”
Fora de casa
Na seção de cortes de frango, a operária Nalzira Pereira da Silva conta que os cuidados tomados pelos colegas faz com que ela se sinta segura. “Estamos recebendo e cumprindo todas as orientações”, afirma.
Cinco vezes por semana, Nalzira sai de casa, em Santo Antônio do Descoberto (GO), no Entorno do DF, para trabalhar na fábrica, em Samambaia. No local, segundo a gerência, cerca de 70% dos funcionários são de Goiás.
“Lá em casa, eu sou a única que tá trabalhando. A minha família tá toda dentro de casa, então, tanto eles como eu, estamos seguros.”
Questionada sobre o que espera dos próximos dias, Nalzira conta que “reza pra que tudo passe logo”.
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Medidas definitivas
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Carolina Cruz/G1
O gerente da fábrica Frank Faria, conta que a pandemia não afetou a produção. Ao invés de demissões, ele diz que houve abertura de novas vagas. Segundo Faria, a pandemia fez a empresa incorporar novos hábitos que serão mantidos depois.
“Uma das medidas que vamos manter é o controle de entrada mais rígida no que diz respeito à saúde do colaborador e terceiros.”
A fábrica colocou tapetes com loção desinfectante na entrada dos setores onde os alimentos são preparados. Também instalou divisórias de acrílico no refeitório – medidas que serão mantidas, explica o gerente.
Mesas com divisórias de acrílico em refeitório de fábrica de proteínas no DF
Carolina Cruz/G1
Além das vendas, a fábrica doa alimentos. Em abril, mais de 20 toneladas foram doadas para instituições sociais do Distrito Federal, de Goiás e do Maranhão, aponta Frank Faria.
“As pessoas estão recebendo doações de cestas básicas, mas, muitas vezes, falta a proteína. Então, nós complementamos com essa contribuição.”
Recomendações do governo
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frango. O país ocupa o primeiro lugar nas exportações da proteína.
Em nota técnica, a Embrapa diz que “a possibilidade da pessoa infectada contaminar as aves não é considerada relevante, pois não há evidências científicas”. Entre as recomendações às empresas estão:
Distanciamento de um metro entre os trabalhadores
Limpeza com desinfetante de todas as superfícies frequentemente tocadas
Monitoramento da saúde de quem acessa os locais de produção
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