Área desmatada cresceu 34,4% entre agosto de 2018 e julho de 2019, informou Inpe na última terça. Ratificação de acordo depende de aprovação por parlamentos dos países dos dois blocos. O aumento do desmatamento na Amazônia está tornando “cada vez mais difícil” a ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, disse em entrevista ao G1 o embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel.
Na última terça-feira (9), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que a área desmatada na Amazônia entre agosto de 2018 e julho de 2019 foi de 10,1 mil km². Trata-se de um aumento de 34,4% em relação ao período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018). É a maior área desmatada desde 2008, quando o Inpe apontou 12,9 mil km² desmatados.
No final deste mês, completa-se um ano do anúncio do acordo União Europeia-Mercosul, fechado depois de mais de 20 anos de negociações. O acordo prevê reduções de barreiras tarifárias e não tarifárias para importações e exportações entre os países dos dois blocos e tem potencial de proporcionar um aumento bilionário do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e dos investimentos no país.
O embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel
Guilherme Mazui / G1
“A posição do governo alemão é que queremos ratificar o acordo. É um acordo muito importante e necessário. Porém, o nosso governo sabe que garantir a maioria no nosso Congresso e no Parlamento Europeu é cada vez mais difícil com as informações sobre o desmatamento crescendo no Brasil”, disse Witschel.
A partir de julho, a Alemanha vai assumir a presidência rotativa do Conselho Europeu, que reúne os chefes de estado e de governo dos estados-membros da UE, e é responsável por definir as orientações gerais, as prioridades políticas e a política externa comum do bloco.
Para ter validade, o acordo Mercosul-UE tem que ser aprovado pelo parlamento de todos os países envolvidos.
“Precisamos do apoio do Brasil, e o apoio é a redução do desmatamento”, afirmou o embaixador alemão.
Após 20 anos de negociações, União Europeia e Mercosul fecham acordo comercial
A aumento das queimadas e do desmatamento na Amazônia durante o primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro levou alguns países europeus a impor restrições ao andamento do acordo.
Em agosto do ano passado a França se manifestou contra o acordo. O escritório do presidente francês, Emmanuel Macron, acusou o presidente Jair Bolsonaro de ter mentido ao minimizar as preocupações com as mudanças climáticas durante um encontro do G20 no Japão.
França impõe condições para acordo do Mercosul com União Europeia
Na semana passada, deputados holandeses aprovaram uma moção contra a ratificação do acordo por causa da preocupação com a situação da Amazônia, entre outros aspectos.
Em meio a críticas dentro e fora do país à atuação na área ambiental, o presidente Jair Bolsonaro anunciou no início deste ano a criação do Conselho da Amazônia e de uma Força Nacional Ambiental, que atuará na “proteção do meio ambiente da Amazônia”.
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