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Desmatamento e queimadas: entenda como os dados do Inpe podem indicar alta e queda nos percentuais

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Percentuais que mostram queda ou aumento na devastação dependem do período analisado e da base de comparação. Fonte dos dados é órgão do próprio governo. Incêndios na Amazônia: Moradora olha enquanto fogo se aproxima de sua casa perto de Porto Velho, no dia 16 de agosto.
Ueslei Marcelino/Reuters
Os números oficiais do governo sobre as queimadas e os alertas de desmatamento foram atualizados nesta sexta-feira (11), e independentemente do período ou da base de comparação, mostram que a Amazônia e o Pantanal sofrem de forma intensa com a devastação.
Pela manhã, o vice-presidente, Hamilton Mourão, questionou se há de fato aumento no total acumulado de focos de queimadas no ano e ressaltou que, em agosto, houve queda no desmatamento na Amazônia. Ele afirmou ainda que planeja um sobrevoo de inspeção. “Para eu realmente identificar isso aí tudo e ter a consciência situacional do que está acontecendo na realidade”, disse.
Amazônia teve 1.359 km² sob alerta de desmatamento em agosto, mostram dados do Inpe
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Abaixo, entenda como os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), colocados em dúvida pelo vice-presidente, retratam que a ameaça aos biomas persiste.
Queimadas na Amazônia
Cido Gonçalves/G1
Queimadas: queda ou aumento?
Nesta quarta, Mourão disse que, até 31 de agosto, o total de focos de queimadas na Amazônia apresentavam queda de 6,4% no acumulado do ano no Brasil. Até aquela data havia 44.013 focos. A informação é a mesma compilada pelo Inpe. Entretanto, o número subiu para 56.425 focos até o dia 10 de setembro. Comparado com ano passado, o salto em setembro já aponta uma alta de 6%.
Mourão chegou a dizer que o Inpe “está se contradizendo” e que o dado de setembro só será fechado no final do mês, apesar de o monitoramento ser diário. Em entrevista ao G1, Alberto Setzer, coordenador do programa de monitoramento de queimadas do Inpe, alertou que não há contradições e que são “períodos diferentes” sendo comparados.
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“Setembro é o mês que mais queima na Amazônia – concentra em agosto, setembro, e outubro e o pico é sempre setembro. Setembro é o mês que mais tem focos. Temos que esperar o mês de setembro para poder dar uma análise um pouco mais sólida. Não adianta deixar o mês mais marcante de todos fora dos cálculos”, disse Setzer.
O coordenador do programa de monitoramento de queimadas lembrou ainda que os números de queimadas em agosto podem aumentar após revisão dos dados por causa de um problema em satélite.
“É um satélite americano, da Nasa, a partir do dia 16 apresentou problemas e com isso se perderam algumas centenas de focos, que não foram detectados, e isso provavelmente vai ser corrigido no futuro. Tem uma pequena diferença”, disse Setzer.
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Desmatamento: queda ou aumento?
Ainda nesta manhã, Mourão afirmou que os alertas de desmatamento caíram 24% na comparação de agosto de 2020 com o mês de agosto do ano passado. Entretanto, os dados citados pelo vice-presidente só consideravam a atualização até o dia 28. Pouco depois, quando o Inpe incluiu na ferramenta os dados de até o dia 31, comparando os agostos (de 2019 e 2021), a queda no desmatamento foi de 21% entre esses dois meses, mas o número continua sendo o segundo maior dos últimos cinco anos.
É preciso considerar ainda que o mês de agosto de 2019 foi recorde neste período. Analisando a série, tivemos em 2017, por exemplo, um total de 278 km² de áreas sob alerta de desmate. O número verificado no mês passado é quase cinco vezes maior do que o verificado no menor ano da série.
“É importante reconhecer e parabenizar essa queda, mas é mais importante que essa tendência permaneça por vários meses para que o desmatamento na Amazônia retorne a níveis que o Brasil já alcançou no passado e caia ainda mais, de modo a permitir que alcancemos as metas que o próprio país estabeleceu”, analisa Mariana Napolitano, gerente do Programa de Ciências do WWF-Brasil.
Napolitano explica ainda a explosão dos focos de queimadas. “Quem desmatou agora precisa queimar para ocupar o solo e setembro é o segundo mês mais seco na Amazônia, portanto a última janela de oportunidade para fazer isso mais facilmente”, alerta Mariana. “Isso ajuda a entender porque os incêndios na Amazônia aumentaram 85% nos primeiros 10 dias de setembro em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Inpe”, disse.
Na foto, membro da brigada de incêndio do Ibama tenta controlar as chamas em um ponto de queimada em Apuí, no Amazonas, no dia 11 de agosto.
Ueslei Marcelino/Reuters

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