A Cúpula do G20, iniciada hoje no Rio de Janeiro, enfrentou desafios significativos devido à falta de consenso entre as maiores economias do mundo em temas cruciais como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, tributação de super-ricos e financiamento de políticas climáticas. As divergências ameaçaram a elaboração de um documento unificado que reflita a posição coletiva do grupo, colocando em risco a relevância do G20 no cenário global, conforme alerta o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Prolongamento das Negociações e Falta de Convergência
Originalmente programada para quatro dias, a reunião preparatória dos diplomatas do G20 se estendeu para quase seis dias, terminando com as últimas delegações saindo às 5h da manhã deste domingo. Apesar dos esforços, os principais pontos de discórdia permaneceram sem resolução:
Conflitos Geopolíticos: As recentes explosões na Ucrânia e em Gaza obrigaram uma rediscussão das cláusulas geopolíticas na declaração final.
Questões Ambientais: A posição da Argentina, que se opõe às diretrizes propostas pelo Brasil na área ambiental, dificulta a harmonização das políticas climáticas do grupo.
Apelo por Consenso de Guterres
António Guterres enfatizou a importância de alcançar um consenso para manter a relevância do G20. “Apelo a todos os países para que tenham um espírito de consenso, para que tenham bom senso e encontrem as possibilidades de transformar esta reunião do G20 em sucesso, com decisões que sejam relevantes para a ordem internacional. Se o G20 se dividir, ele perde a relevância em nível global”, declarou o secretário-geral da ONU.
Desafios na Área Climática
O principal obstáculo nas negociações ambientais é a resistência da Argentina às propostas de financiamento das políticas climáticas direcionadas pelo Brasil. Desde que o presidente Javier Milei tentou o retorno da comitiva que participou da COP29, em Baku, os representantes argentinos indicaram que não facilitarão as negociações, complicando ainda mais o alinhamento das metas climáticas do G20.
Compromissos e Estratégias de Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que liderou a presidência brasileira do G20, tem uma agenda ambiciosa para a cúpula:
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza: Lançamento de iniciativas para reduzir desigualdades e aumentar o financiamento para nações menos direcionadas.
Reforma da Governança Global: Lula busca alterar a estrutura do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aumentando a representatividade dos países do Sul Global.
Parcerias Bilaterais: Em reuniões individuais, Lula tem recebido apoio de líderes como o primeiro-ministro Malaio, Dato’ Seri Anwar Ibrahim, e o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, para fortalecer a governança global e promover ações climáticas eficazes.
Impacto das Tensões nas Decisões Finais
A falta de consenso sobre temas fundamentais como a guerra na Ucrânia, Gaza e o financiamento climático atrasou a finalização do documento do G20. Sem um texto final assertivo, há o risco de que a cúpula não consiga apresentar uma posição coesa, comprometendo os esforços globais para enfrentar desafios econômicos e ambientais.
Perspectivas Futuras
Apesar das dificuldades, a presidência brasileira está comprometida em reduzir as divergências por meio de negociações bilaterais e conversas reservadas nas 16 salas preparadas no Museu de Arte Moderna (MAM). A expectativa é que, com diálogo contínuo e esforços diplomáticos, o G20 consiga superar os impasses e elaborar um documento que reflita um compromisso global frente aos desafios atuais.
A continuidade das negociações e a disposição das delegações em ceder em pontos-chave serão determinantes para o sucesso da cúpula e para a manutenção da relevância do G20 na governança econômica e ambiental mundial.
Fonte:CNN Brasil
Foto:Portal Gov.br
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