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Crise encolhe setor automotivo e agrava queda das exportações de máquinas elétricas na RMC

Quarta reportagem da série sobre os impactos da recessão na região de Campinas mostra os diferentes efeitos nos setores industriais e indica segmentos resilientes ao período. A crise que “matou” 78,2 mil empregos com carteira assinada fez encolher a atividade do setor automotivo e favoreceu as importações em detrimento das exportações de máquinas e aparelhos elétricos na Região Metropolitana de Campinas (RMC). O efeito geral na indústria é a criação de postos de trabalho com menor qualidade, poucas exigências e remunerações mais baixas a partir da recuperação parcial da economia.
Na penúltima reportagem da série sobre a crise na RMC, o G1, em parceria com o Observatório PUC-Campinas, mostra também que 2014 registrou o pior desequilíbrio na balança comercial desde 2001, com déficit de R$ 10 bilhões. A recessão afeta de diferentes formas os segmentos industriais e alguns optam por cortar a produção interna para importar, o que impacta na redução de emprego.
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Por outro lado, parte dos setores teve aumento das exportações e importações, o que indica certa resiliência no período agudo da recessão. Exemplo é o segmento dos produtos plásticos, que mostra tendência de alta, e de fármacos, que também aumentou as exportações.
“Os trabalhadores, ou quem está buscando qualificação, devem ficar mais atentos a esses movimentos setoriais regionais, pois podem buscar oportunidades em setores mais dinâmicos”, avalia o economista Paulo Oliveira, do Observatório PUC-Campinas.
Professor Paulo Oliveira, do Observatório PUC-Campinas
Fernando Evans/G1
Setor automotivo ‘encolhe’
A produção de automóveis, tratores e outros veículos terrestres teve forte queda a partir de 2014, acompanhada pela redução também das importações. Segundo o economista da PUC, o movimento indica a diminuição da atividade do setor na região metropolitana.
A redução da exportação é explicada também pela crise em outros países latino-americanos, como a Argentina, principal mercado automobilístico das empresas da RMC.
O cenário é diferente nas fábricas de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, que preferiram reduzir a produção interna e importar peças e parte de maquinário, movimento chamado de substituição.
“Essa atividade ainda ocorre na região, só que parte dos processos estão sendo feitos fora do país. Então é um setor que está encolhendo em atividade interna. Aquela ideia de ‘importar empregos’ se aplica bem a esse setor. Você tem atividade nesse setor, mas ela não é tão geradora de emprego porque boa parte dos processos estão sendo feitos fora do país”, explica o professor da PUC.
“Crise, em geral, faz com que as empresas pensem em eficiência. No contexto de crise, as empresas vão pensar onde elas podem cortar, quais custos podem ser minimizados, como elas poderiam ter ganho de produtividade”, completa Oliveira.
Políticas para equilibrar balança
O déficit da balança comercial significa redução da produção interna pela opção de importar, o que gera os impactos no emprego. Para o economista da PUC- Campinas, é preciso que as políticas públicas sejam pensadas para favorecer o equilíbrio entre importação e exportação.
Segundo ele, o Custo Brasil é relativamente alto para alguns setores industriais, que transferem as fábricas para países com condições mais favoráveis aos empresários, como produtividade da mão-de-obra, presença de outros setores, confiabilidade das instituições e a estrutura de impostos. Com isso, aproveitam o mercado brasileiro para vender e não produzir.
“A gente não defende um processo de substituição completa, de produzir tudo que a gente importa, porque isso é virtualmente impossível. O que a gente está indicando é que a região precisa pensar políticas ou ações e cobrar do governo federal que a política comercial e industrial seja feita de maneira a ajudar o equilíbrio da balança comercial”.
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