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Coordenador regional substituto da Funai em Ji-Paraná, RO, é exonerado do cargo thumbnail
Meio Ambiente

Coordenador regional substituto da Funai em Ji-Paraná, RO, é exonerado do cargo

Vicente Batista Filho também era chefe da Divisão Técnica e trabalhou na fundação por 32 anos. Novo profissional é militar ligado ao partido Solidariedade. Coordenação Regional da Funai em Ji-Paraná.
Divulgação/Funai
O chefe da divisão técnica e coordenador regional substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Ji-Paraná (RO), Vicente Batista Filho, foi exonerado do cargo. Ele estava na fundação há cerca de 32 anos e à frente da luta contra o desmatamento nas terras indígenas da região, principalmente na Karipuna, a terra mais ameaçada por queimadas em 2019.
A exoneração foi publicada em portaria do Diário Oficial da União de quinta-feira (23). No documento, o presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva, dispensa o coordenador substituto das atividades.
No lugar, a Funai nomeou João Carlos Gerheim Infante, militar filiado ao partido Solidariedade. Vicente permaneceu por pouco mais de dois anos na função de chefe de divisão.
Vicente Batista Filho foi exonerado do cargo de Chefe da Divisão Técnica da Funai em Ji-Paraná.
Reprodução/Diário Oficial
O agora ex-coordenador substituto informou que recebeu com surpresa a decisão. “Motivo não tem. Não houve nenhum problema administrativo, nada que levasse a isso. Eu só tinha o cargo comissionado. Foi sem explicação e até hoje, ninguém sabe. Inclusive eu estava em atividade de campo, ajudando na distribuição de cesta básica na Uru-Eu-Wau-Wau. Eu já estava exonerado e não sabia”, explicou.
“Todos fomos pegos de surpresa, incluindo as lideranças indígenas”, disse Vicente Batista.
Uma das lideranças foi Adriano Karipuna. Segundo o indígena, a saída de Vicente é uma perda grande, já que o agora ex-coordenador substituto combatia crimes organizados de desmatamento nos territórios da região.
“Ele [Vicente] deixou um bom trabalho para os Karipuna nessa questão, além da agricultura e outros tipos de trabalho voltados aos indígenas. Fomos pegos de surpresa”, lamentou.
O G1 procurou a Funai em Brasília para comentar a exoneração e, em resposta, declarou apenas que em caso de cargos comissionados “são de livre nomeação e exoneração por parte do gestor”. Informou também que os trabalhos de fiscalização realizados pela coordenação regional seguem em curso.
Queimadas na Karipuna
A Karipuna, terra indígena de Rondônia e que tem 153 mil hectares, têm o território mais ameaçado do Brasil quando o quesito é o número de focos em um raio de até 5 quilômetros da demarcação.
Quando o critério é queimada dentro da área, a terra está entre as 20 com mais queimadas no Brasil em 2019.
Queimadas em até 5 km ao redor das terras em 2019.
Rodrigo Cunha/G1
O território abrange parte de Porto Velho e de Nova Mamoré. Nos últimos 10 anos, o povo aparece sete vezes no topo da lista de terras com mais focos detectados em um raio de até 5 quilômetros do território.
No ano passado, o G1 visitou a Karipuna para entender como estavam resistindo às pressões e se deparou com a base da Funai furtada, desmatada ao redor, destruída e queimada.
Pasto após queimada ao redor do território Karipuna, em Rondônia
Fábio Tito/G1

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