Projeto prevê uso de R$ 208 milhões da reserva para suprir déficit no próximo exercício, alta de recursos para bolsas e corte de verbas para plano de internacionalização em 2021. Veja detalhes. Estudantes no campus da Unicamp, antes da pandemia
Antonio Scarpinetti / Unicamp
A Unicamp terá orçamento de R$ 2,84 bilhões em 2021, segundo proposta aprovada pelo Conselho Universitário (Consu), órgão máximo de deliberação da instituição de ensino. O valor inclui R$ 208,6 milhões da reserva financeira com objetivo de cobrir o déficit estimado para o próximo exercício.
O texto estabelece mais verbas para bolsas de auxílio, porém, em contrapartida, determina redução de recursos para o programa de internacionalização, em virtude da pandemia da Covid-19.
“O Consu aprovou um orçamento que permitirá manter as atividades da universidade com responsabilidade, reconhecendo o momento difícil que estamos enfrentando. Apesar dessas dificuldades, a Unicamp ampliou novamente o investimento em permanência estudantil, que é um fato que merece ser destacado”, diz nota divulgada pelo reitor, Marcelo Knobel, no site institucional.
O documento elaborado pela Assessoria de Economia e Planejamento (Aeplan) mostra que o valor total representa aumento de 2,68% no comparativo com o valor estimado inicialmente para o exercício deste ano – desconsiderando-se os efeitos da crise sanitária verificados ao longo de revisões quadrimestrais pela universidade que tem campi em Campinas (SP), Limeira (SP) e Piracicaba (SP).
Em relação ao déficit, R$ 79 milhões devem ser do próximo exercício, enquanto R$ 129,5 milhões representam valores referentes às obrigações estabelecidas em anos anteriores pela Unicamp.
“O montante disponível é suficiente para a cobertura dos déficits estimados para 2020 e 2021, uma vez que, em 31 de outubro de 2020 o saldo financeiro era de aproximadamente R$ 422,471 milhões”, diz a Aeplan ao explicar que a reserva se refere aos recursos que a Unicamp dispõe em saldo bancário.
Grupos de despesas
Pessoal (inclui auxílio-alimentação, auxílio criança/educação especial, horas extras, módulos de plantão da área da saúde e pagamento de inativos/pensionistas) – R$ 2,1 bilhões
Restaurantes e Transportes – R$ 50,1 milhões
Despesas contratuais – R$ 120,6 milhões
Utilidade pública (água, energia e telefone) – R$ 54,5 milhões
Programas de apoio (inclui manutenção de infraestrutura/predial, aquisição de periódicos, aumento de bolsas de auxílio-social e auxílio-moradia, e internacionalização) – R$ 89,3 milhões
Juros, encargos, amortizações e sentenças judiciais – R$ 8 milhões
Manutenção de atividades existentes – R$ 37 milhões
Projetos especiais – R$ 41,8 milhões
“As despesas de pessoal consideradas nessa proposta orçamentária atendem em sua totalidade à legislação atual que proíbe o incremento de despesas na folha de pessoal até o início de 2022”, diz o texto. A principal fonte para financiamento das atividades é obtida por meio do repasse de valores arrecadados pelo estado com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) – 2,19% do total.
“Embora a arrecadação do ICMS-Paulista já tenha apresentado um deslocamento positivo em relação ao patamar mínimo atingido em 2016, a crise sanitária atual causada pelo coronavírus aniquilou todas as perspectivas de uma recuperação significativa no exercício de 2020 e, diante de tantas incertezas, também impossibilita uma projeção mais assertiva para o exercício de 2021”, destaca a Aeplan.
Em outro trecho, a assessoria explica, entre outros fatores, que o orçamento foi estipulado sem prever receitas oriundas das transferências da União para o Estado, para ressarcimento das perdas de arrecadação de ICMS Estadual, apesar de previsão em lei complementar.
“Apesar da recente aprovação pelo Senado Federal de acordo firmado no Supremo Tribunal Federal entre os Estados e a União para repasse dos valores relativos a Lei Kandir para os próximos anos, não é possível afirmar com certeza quando o repasse começará, uma vez que a matéria ainda precisa ser incluída na Lei Orçamentária Anual Federal de 2021”, diz outro trecho da proposta.
Uma das entradas do campus da Unicamp em Campinas
Antoninho Perri / Unicamp
Assistências e internacionalização
Segundo a Unicamp, os recursos destinados à assistência e permanência estudantil, divididos entre as diversas categorias de gastos, somam R$ 77,5 milhões, enquanto que a assistência a servidores equivale a R$ 159,9 milhões. Já as despesas da área da saúde correspondem a R$ 506,9 milhões.
Em meio aos reflexos da pandemia, a universidade estipula R$ 44,5 milhões ao programa de bolsas, acréscimo de 4,6% no valor nominal, considerando-se o montante determinado no exercício 2020.
Auxílio-social: 95 a mais – de 1.960 para 2.055
Auxílio moradia: 115 a mais – de 1.418 para 1.533
Auxílio-social para ensino médio: 19 a mais – de 41 para 60
Auxílio-transporte: 35 a mais – de 605 para 640
Programa de Estágio Docente: 23 a mais/categorias B e C – de 1.518 para 1.541
O programa de internacionalização, em contrapartida, terá redução de 50% devido aos impactos causados pela pandemia. A Unicamp prevê total de R$ 780 mil em ações no próximo ano.
“Os programas de mobilidade internacional estudantil e de professores em decorrência da pandemia foi muito comprometida”, diz texto da assessoria da universidade. Também em nota, o pró-reitor de Desenvolvimento Universitário, Francisco Gomes Neto, diz que o orçamento 2021 visa “prudência”.
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