Família Gonçalves uniu o plantio de café e da fruta, conhecida como a ‘azeitona tropical’. Agricultor inovou na produção usando sobras do abacate na fabricação de azeite e cosméticos. Conheça a fazenda que transforma abacate em azeite e até batom
Uma família de agricultores acostumada com o cultivo do café decidiu apostar no plantio de abacate e unir as duas produções. Além de vender a fruta, conhecida também como a azeitona tropical, os agricultores transformam o que sobra em azeite, cosméticos e até batom.
Tudo começou na fazenda de 260 hectares no município de Cajuru, em São Paulo, do agrônomo José Carlos Gonçalves. Hoje, a família já possui 9 propriedade, localizadas também em Minas Gerais.
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Ainda na década de 60, quando o lugar era de apenas de 5 hectares, o único plantio realizado era o café, como conta o produtor:
“Comecei a trabalhar na secretaria de agricultura e eu queria (o emprego). Aliás, vim para o interior e surgiu uma oportunidade em Campinas, mas eu tinha que ir pra seção de café. Aí abracei o café e a coisa fluiu dessa forma.”
Há cerca de 20 anos, José decidiu entrar no ramo dos abacates no meio do cafezal.
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Para evitar o desperdício, a família transforma os abacates de menor qualidade em azeite. Cerca de 20% da produção tem este fim.
“Há mais ou menos uns dez anos atrás, a gente, conversando com o meu pai, teve a ideia de verticalizar na produção de abacate. Uma época que a gente estava começando a aumentar bastante a produção do nosso abacate e a gente precisava achar uma finalidade para o descarte”, conta Carlos Alberto.
A família Gonçalves é uma das pioneiras nessa aposta no Brasil e investiu R$ 3 milhões na iniciativa.
“O abacate que normalmente vai para o Ceasa, ele tem que ter uma aparência muito bonita. E o abacate que vem para cá é abacate que talvez tenha alguma manchinha, que talvez não tenha um aspecto visual muito bom. Então, como no Ceasa dá o descarte por esse motivo, a gente aproveita ele aqui”, explica o gerente da produção, Cleyton Michelato.
Parte do óleo é encaminhado para a fabricação de cosméticos vendidos na loja da esposa de Carlos, Júnia Gonçalves. Lá, tudo que é vendido tem origem no abacate, caso de batons e cremes para o corpo.
‘Casamento’ vantajoso
Na propriedade em São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais, são 100 hectares de café e 70 hectares de abacate. Os outros 30 são de mata nativa. Lá, a cada 4 mil plantas de café, existem 100 pés de abacate, lado a lado.
A mistura peculiar traz vantagens para a produção.
“No começo o café paga a formação do abacate e depois o abacate custeia o café. Então é uma combinação muito boa”, conta Carlos Alberto, filho de José, que seguiu os passos do pai e também se tornou agrônomo.
“Até agosto e setembro nós cultivamos café e colhemos café e a partir daí, até novembro e dezembro, nós vamos de abacate”, explica.
O abacateiro e o cafezal também cumprem a função de proteção um com o outro. Isso porque as plantas de café se desenvolvem debaixo da sombra das grandes árvores de abacate, aumentando a diversidade de inimigos naturais contra pragas e doenças e ajudando a manter o solo rico.
Não é tudo abacate
A palavra que nomeia o abacate tem origem em grupos indígenas do México e significa testículo.
Ele chegou ao Brasil no século XIX, introduzido no jardim botânico, no Rio de Janeiro, por Dom João VI. Atualmente, São Paulo é o estado que mais produz o fruto.
No mundo, existem mais de 500 variedades de abacate. A família Gonçalves planta duas: breda e margarida.
Abacate: de vilão a aliado da saúde
A primeira é semelhante a uma pera, com a casca lisa e verde claro. Já a segunda é em um tom mais escuro e tem formato de uma bola, com a casca mais rugosa.
Enquanto o abacateiro de margarida cresce para os lados, em largura, o breda vai para cima, em comprimento, podendo chegar em até 12 metros.
Este tamanho deixa o abacateiro mais bonito, porém atrapalha várias etapas do cultivo, sendo necessário o uso de equipamentos para auxiliar no processo.
Com os dois tipos do fruto, as 9 fazendas da família colhem cerca de 4 mil toneladas por ano, enviando margarida para o norte e nordeste e breda para o sul e sudeste.
Para a família, o próximo passo é levar o fruto para o exterior:
“Eu pretendo agora entrar na parte de exportação porque, no Brasil, nós já mandamos abacate de Porto Alegre a Manaus, agora que nós estamos querendo exportar azeite de abacate, com top de qualidade, pra ser o melhor azeite que aquele fabricado em Nova Zelândia”, diz o patriarca da família, José.
Saiba mais na reportagem completa no vídeo acima.
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