Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pede que as autoridades brasileiras adotem medidas para prevenir a disseminação do novo coronavírus nos Yanomami e Ye’kwana. 1º de julho – Soldado do Exército distribui máscaras faciais a membros da etnia Yanomami em um pelotão especial de fronteira, onde estão sendo realizados testes para a Covid-19, na terra indígena de Surucucu, em Alto Alegre, Roraima
Nelson Almeida/AFP
A Organização dos Estados Americanos (OEA) anunciou nesta segunda-feira (20) que uma comissão do órgão notificou o governo brasileiro sobre a situação dos povos indígenas Yanomami e Ye’kwana na pandemia de Covid-19.
Na medida cautelar enviada ao Brasil na sexta-feira, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pede que as autoridades brasileiras adotem medidas para prevenir a disseminação do novo coronavírus nessas populações e ofereça atendimento médico. Segundo o órgão, há “gravidade, urgência e irreparabilidade” na questão envolvendo esses povos e a Covid-19.
A ação foi pedida pela Hutukara Associação Yanomami e o Conselho Nacional de Direitos Humanos, que observaram risco a essas populações indígenas na pandemia. Segundo o pedido, há “falhas nos cuidados de saúde e a presença de terceiros não autorizados em seu território”.
De acordo com as entidades, a presença de cerca de 20 mil garimpeiros nos territórios indígenas não só aumenta o perigo da contaminação por mercúrio, mas também gera mais risco da transmissão da Covid-19 entre os povos. Há também, dizem as organizações, confrontos violentos entre garimpeiros e lideranças indígenas.
1º de julho – Indígena Yanomami é vista com máscara ao lado de seu bebê e um cachorro, na terra indígena de Surucucu, em Alto Alegre, Roraima
Nelson Almeida/AFP
A comissão entrou em contato com o governo brasileiro, que informou que presta o apoio necessário à segurança alimentar e às condições de saúde dos povos indígenas.
O pedido enviado pela CIDH ao governo brasileiro não representam um julgamento sobre a situação do país na questão da epidemia entre os indígenas. O documento, porém, solicita que o Brasil informe em até 15 dias a adoção das medidas acordadas.
Entidades de apoio à população amazônica estimam que mais de 10 mil indígenas contraíram a Covid-19 até o início de julho. Além disso, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), comunidades indígenas na bacia amazônica são cinco vezes mais atingidas pela doença do que o resto do Brasil.
Reunião ‘humilhante’
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a sala de situação instalada junto ao governo federal para discutir o combate ao coronavírus entre indígenas foi palco de tratamento humilhante – incluindo palavras de baixo calão e discursos de tom ameaçador.
“A experiência vivida por eles foi de um tratamento desastroso, humilhante e constrangedor, situação à qual nenhum cidadão merece passar, sobretudo diante de autoridades do governo brasileiro”, diz a entidade.
A TV Globo pediu posicionamento do GSI e aguarda retorno. A Advocacia-Geral da União (AGU), que representa o governo em assuntos jurídicos, não quis comentar.
Greta anuncia doação
A ativista ambiental sueca Greta Thunberg, de 16 anos.
Cristina Quicler/France Presse
A ativista sueca Greta Thunberg anunciou nesta segunda-feira (20) que vai doar ao menos 100 mil euros — equivalentes a mais de R$ 610 mil — a um projeto para combater o novo coronavírus na Amazônia. Esse valor faz parte dos mais de R$ 6 milhões que a jovem recebeu pelo Prêmio Gulbenkian para a Humanidade.
O projeto integra a campanha SOS Amazonia, do movimento Fridays for Future, lançado em junho. De acordo com a agência Reuters, a ideia é coletar insumos médicos e serviços de medicina à população que vive na Floresta Amazônica.
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ASSISTA na reportagem abaixo, de 22 de junho, como o novo coronavírus impõe um risco às aldeias indígenas do país.
Covid-19 se espalha nas aldeias e põe em risco os povos indígenas
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