Superintendente do Mapa no Acre, Fernando Bortoloso, disse que estão fazendo uma varredura completa na área considerada como de maior risco de detecção de possíveis novos focos da praga Praga que atinge plantio de cacau e cupuaçu é monitorada no AC
Divulgação/Mapa
Os agricultores e extrativistas que atuam com a produção de cacau e cupuaçu no Acre devem sofrer prejuízos na produção após o Ministério da Agricultura colocar o Acre em quarentena devido à praga que atinge as plantas, a chamada Monilíase do Cacaueiro (Moniliophthora roreri), que foi detectada pela primeira vez no Brasil no município de Cruzeiro do Sul, no mês passado.
Após a identificação da praga, equipes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Instituto de Defesa e Agropecuária do Acre (Idaf-AC) iniciaram o trabalho de fiscalização e orientação a produtores de cacau e cupuaçu.
O superintendente do Mapa no Acre, Fernando Bortoloso, disse que estão fazendo uma varredura completa na área considerada como de maior risco de detecção de possíveis novos focos da praga, por meio do mapeamento das plantas hospedeiras, avaliação dos sintomas, coleta de amostras para análises laboratoriais e erradicação de frutos e materiais vegetais com sintomas característicos do fungo.
“Diante da constatação de que o problema está se manifestando na área urbana de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima e que não foram identificados quaisquer danos a cacauicultura do estado, não se vislumbram no momento ações de apoio direto aos agricultores e extrativistas. Contudo, as ações de combate e erradicação beneficiarão toda a comunidade agrícola do estado”, disse.
O superintendente não informou que tipo de prejuízos os produtores vão sofrer com a quarentena. E disse que o foco é em uma área urbana na periferia da cidade de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima.
“Essa é uma medida cautelar para evitar a dispersão da praga para as áreas de cultivo de cacau e cupuaçu”, explicou.
Descoberta
Um morador de Cruzeiro do Sul percebeu a doença nas frutas e acionou o Idaf no dia 21 de junho. No dia seguinte, um servidor do instituto esteve no local para verificação e foram enviadas amostras para análise.
O laudo oficial do laboratório com a confirmação da praga foi emitido no último dia 7 de julho. Após a descoberta do foco, equipe do governo federal foi mobilizada para fazer o trabalho de monitoramento no estado.
Até então, o fungo já havia sido encontrado em todos os países produtores de cacau da América Latina, exceto o Brasil. Para evitar a proliferação do fungo, os moradores estão recebendo visita das equipes e orientações.
Entre as orientações estão, no caso de suspeita, manter a área isolada, e passar um produto na planta para matar a praga. Já na área onde não há suspeita, as equipes mostram como é a doença para que a pessoa fique alerta e, por fim, orientam que a área seja mantida limpa.
Praga que atinge plantio de cacau é registrada pela primeira vez no Brasil em Cruzeiro
Sobre o fungo
A monilíase do cacaueiro é uma doença que causa danos diretos porque o ataque do fungo é exatamente no fruto, que é a parte comercial, tanto do cacau quanto do cupuaçu. O fungo não causa danos à saúde humana, segundo estudos, mas traz graves riscos econômicos.
O diretor técnico do Idaf, Jessé Monteiro, disse que o fungo é de fácil proliferação e, por isso, é importante esse trabalho para não causar prejuízos.
“O Idaf vem trabalhando há um tempo já com educação sanitária com os produtores e justamente esse trabalho fez com que fosse possível a identificação deste foco. Então, essa ação passa a ser coordenada pelo Mapa para que a gente consiga conter esse foco e evitar que prejudique outros municípios do estado e até mesmo o país porque é de fácil propagação”, disse.
Conforme o Mapa, na América do Sul, a praga era encontrada apenas no Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Peru. A monilíase pode causar prejuízos que vão de 50% a 100% da produção, no caso de um ataque mais severo.
Os produtores acreanos começaram a ser alertados sobre a praga em 2018. O Idaf fez campanhas de alerta e orientações. Na época, a engenheira agrônoma do Idaf, Lidiane Amorim, explicou que o “Acre era considerado como alto risco para a entrada dessa doença, porque fazemos fronteira com esses países”.
Em 2019, servidores do instituto visitaram comunidades rurais de Cruzeiro do Sul para orientar os produtores sobre a monilíase. Na oportunidade, foram cadastrados mais de 2 mil propriedades produtoras de cupuaçu e cacau.
Monilíase do cacaueiro foi encontrada no cacau e no cupuaçu de Cruzeiro do Sul
Arquivo/Mapa
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