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Com 2,5 mil focos de incêndio em 14 dias, Pantanal já tem segundo pior outubro da história

Número também é maior do que o total de focos registrados para o mês no ano passado. Único registro mais alto foi em outubro de 2002, quando houve 2.761 pontos de incêndio no bioma. Jacaré morto é visto ao lado da Transpantaneira em Mato Grosso, no dia 14 de setembro, em meio a área queimada do Pantanal.
Mauro Pimentel/AFP
O Pantanal registrou, nos primeiros 14 dias de outubro, 2.536 focos de incêndio, apontam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número significa que o mês já é o segundo pior outubro em queimadas para o bioma desde 1998, atrás apenas de outubro de 2002 – quando houve 2.761 focos.
Os registros das primeiras duas semanas de outubro de 2020 também já são maiores do que os vistos em todo o mês no ano passado, quando o bioma teve 2.430 focos de incêndio (veja gráfico abaixo).
As altas de outubro vêm depois de o bioma ter a pior quantidade de incêndios mensais na história – para qualquer mês – em setembro. Antes disso, nos primeiros 17 dias de setembro, os recordes para o mês já haviam sido batidos.
O Pantanal também teve o pior julho e o segundo pior agosto em número de focos de incêndio desde 1998, quando começaram as medições do Inpe. Este ano já é o pior em pontos de fogo no bioma – que, até 2018, era o mais preservado do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O Pantanal enfrenta uma seca histórica – a maior em 47 anos – que contribui para o alastramento das chamas.
“Na região, os meses de chuva começam em outubro, novembro, dezembro. Esse ano a chuva está demorando mais que o normal”, explica Felipe Augusto Dias, diretor-executivo da SOS Pantanal. O mesmo fenômeno ocorreu no ano passado, segundo ele.
“Evidentemente que o fogo pega porque alguém colocou, mas é muito evidente também que, principalmente em lugares que estariam inundados, esse ano não estando, tem muita matéria orgânica. A seca de fato contribui para aumentar a intensidade”, afirma Dias.
“Você precisa de algumas coisas para que de fato o fogo aconteça – primeiro, acender; depois, todas as características viáveis pro fogo – vento, umidade baixa, extremo calor são aspectos da atmosfera que contribuem para que ele se prolifere”, explica.
“Inclusive a agricultura está com dificuldade de plantio exatamente por falta de chuva. São períodos em que normalmente a soja já está plantando, tem normalmente toda a área plantada”, completa.
Amazônia
Foto mostra tamanduá morto depois de incêndio na Amazônia perto de Mirante do Norte, Rondônia, no dia 20 de agosto.
Ueslei Marcelino/Reuters
O número de focos de incêndio na Amazônia também teve uma alta histórica neste ano: a quantidade de pontos de fogo registrados de 1º de janeiro até 30 de setembro foi a maior desde 2010, segundo os dados do Inpe.
De janeiro até quarta-feira (14), o bioma tinha registrado 86.160 pontos de incêndio, quase a mesma quantidade vista no ano passado inteiro.
Embates com o governo: ‘boi bombeiro’
Especialistas comentam fala da ministra da Agricultura sobre “boi bombeiro”
Os dados do Inpe têm causado embates com o governo federal.
No mais recente, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou em audiência pública no Senado que as queimadas que têm consumido o Pantanal seriam menos intensas caso houvesse mais gado no bioma. Ao comer capim seco e inflamável, segundo ela, o boi acabaria prevenindo o avanço do fogo.
Especialistas afirmaram, entretanto, que a fala é incorreta (veja vídeo acima).
“A razão por que estamos tendo fogo é: temos um clima propício, temos material combustível mas, essencialmente, porque tem alguém colocando fogo onde não deveria”, avaliou Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.
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