Empresa alega que está revisando suas políticas de anúncio digital e espera medidas de transparência e responsabilização dos parceiros de mídias sociais em ocorrências de racismo. Garrafas de Coca-Cola em prateleira de supermercado.
Reuters/Regis Duvignau
A Coca-Cola Company anunciou na sexta-feira (26) uma pausa de 30 dias em todo o conteúdo de publicidade patrocinado nas redes sociais Facebook e Twitter.
A empresa alega que está revisando suas políticas de anúncio digital, um movimento entre marcas que exigem que as plataformas definam melhores práticas para lidar com conteúdo de ódio online.
Também nesta sexta, a empresa de bens de consumo Unilever suspendeu suas peças nas redes sociais até o final do ano, pelo menos, devido a um “período eleitoral polarizado”.
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A Coca-Cola aponta para casos de racismo não solucionados pelas empresas de tecnologia. De acordo com nota assinada pelo CEO, James Quincy, a empresa de bebidas aguarda medidas de transparência e responsabilização dos parceiros de mídias sociais para retornar a investir em publicidade nas redes.
“Não há lugar para o racismo no mundo e não deve haver nas redes sociais”, diz Quincy. “Tomaremos esse tempo para readequar nossas políticas de publicidade e determinar se há revisões necessárias.”
Em resposta, o Facebook diz que investe “bilhões de dólares todos os anos para manter nossa comunidade segura e trabalhamos continuamente com especialistas da sociedade civil para revisar e atualizar nossas políticas” e que continuará trabalhando neste sentido.
A empresa diz ter aberto auditoria de direitos civis e que baniu 250 organizações supremacistas brancas do Facebook e Instagram. “Os investimentos que fizemos em Inteligência Artificial nos possibilitam encontrar quase 90% do discurso de ódio proativamente, agindo sobre eles antes que um usuário nos denuncie”, afirma.
Procurado pelo G1, o Twitter não respondeu até a última atualização desta reportagem.
Campanha de boicote
A gigante americana de refrigerantes informou ao canal CNBC que esse “descanso” não significa adesão ao movimento lançado na semana passada por associações de defesa de afro-americanos e da sociedade civil.
Esta campanha, chamada #StopHateForProfit (“Detenha o ódio para lucrar”), propõe boicotar anúncios no Facebook em julho e conta com o apoio de várias organizações antirracistas, como a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP) e a Liga Antidifamação judaica. O objetivo é conseguir uma melhor regulação dos grupos que incitam o ódio, o racismo e a violência nas redes sociais.
Organizações como a Liga Anti-Difamação (ADL) e a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP) pediram aos anunciantes que boicotassem o Facebook como forma de pressioná-lo a verificar melhor o conteúdo dos grupos que usam a rede social para incitar ao ódio, ao racismo ou à violência.
Além da Unilever, responderam à solicitação a empresa americana de telecomunicações Verizon, a sorveteria Ben & Jerry’s, e empresas de artigos esportivos como Patagonia, North Face e REI, além da agência de emprego Upwork.
Diante da pressão sofrida, o Facebook endureceu suas políticas de mediação de conteúdo, ao proibir mais tipos de mensagens de ódio em anúncios publicitários e começar a colocar advertências nas publicações problemáticas que decidir não eliminar.
A plataforma agora suprimirá os anúncios que digam que as pessoas de determinadas origens, etnias, nacionalidades, gênero e orientação sexual são uma ameaça para a segurança ou a saúde dos demais, disse Zuckerberg, em um comunicado divulgado em seu perfil no Facebook.
* (com informações da agência AFP)
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