Relatório destaca que os grupos que mais sofrem com a crise climática são os menos responsáveis: os mais pobres e as gerações futuras. Um avião decola durante o amanhecer no aeroporto internacional de Frankfurt, na Alemanha
Michael Probst/AP
O 1% mais rico da população mundial emite o dobro de gases do efeito estufa que a metade mais pobre do planeta, afirma um relatório da Oxfam, que pede “justiça social e climática” nos pacotes de estímulo pós-pandemia.
A ONG examinou o período entre 1990 e 2015, 25 anos durante os quais as emissões globais de CO2, responsáveis pelo aquecimento de um planeta no qual a média da temperatura subiu 1°C desde a era pré-industrial, aumentaram quase 60%.
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De acordo com as análises da Oxfam, “o 1% mais rico da população (quase 63 milhões de pessoas) foi responsável por 15% das emissões acumuladas, ou seja, o dobro em comparação à metade mais pobre da população mundial (3,1 bilhões de pessoas)”.
E os 10% mais ricos da população mundial (630 milhões de pessoas) foram responsáveis por 52% das emissões acumuladas de CO2.
Emissões de CO2 entre 1990-2015
Oxfam/Divulgação
“Nos últimos 20 a 30 anos, a crise climática se agravou e o limitado orçamento global de carbono foi dilapidado para intensificar o consumo de uma população rica, não para tirar as pessoas da pobreza”, denuncia a Oxfam.
E os grupos que “mais sofrem esta injustiça são os menos responsáveis pela crise climática: os mais pobres e as gerações futuras”, prossegue a ONG, que faz um apelo aos governos de todo o mundo para que retifiquem a situação e coloquem a justiça social e a luta contra a mudança climática no centro dos planos de recuperação econômica para depois da pandemia do novo coronavírus.
“Está claro que o modelo de crescimento econômico muito desigual e emissor de carbono dos últimos 20 a 30 anos não beneficiou a metade mais pobre da humanidade”, declarou à AFP Tim Gore, especialista da ONG.
“É uma dicotomia falaciosa sugerir que temos que escolher entre o crescimento econômico e o clima”, completou.
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“A pandemia de Covid-19 inevitavelmente trouxe à luz a necessidade de reconstruir melhor e colocar a economia mundial em um caminho mais justo, mais sustentável e mais resistente”, afirma no relatório o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon.
“O compromisso coletivo deve ter como prioridade reduzir as emissões de CO2 da faixa mais rica da sociedade, que contamina de forma desproporcional”, completa.
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