Ex-diretora da vinícola Chopin, empresa francesa, denunciou empresa por produzir “champanhe falso” à base de vinhos importados, CO2 e licor. O Ministério Público francês vai investigar o caso. Vinícola francesa é denunciada por funcionários por falsificação de champanhe
Marcos Serra Lima/g1
Às vésperas das festas de final de ano, o mundo do vinho foi abalado por um escândalo: uma ex-funcionária denunciou uma famosa fabricante de champanhe por adulterar a bebida com “vinho barato e gás carbônico”.
A ex-diretora da vinícola Chopin, Ludivine Jeanmingin, acusou o CEO da empresa, Didier Chopin, de ter fabricado “champanhe falso” à base de vinhos importados, CO2 e licor.
A denúncia não podia ter caído em um pior momento, a poucos dias para o Natal e o Réveillon, quando as buscas pela bebida aumentam.
De acordo com Ludvine, cerca de 1,8 milhão de garrafas com a bebida falsificada foram vendidas por um preço entre €10 e €20, o equivalente a R$ 54 e R$ 107.
A empresa, que produz champanhe em Champlat-et-Boujacourt, cidade localizada a 130 quilômetro de Paris, é responsável por 22 marcas e exporta para 40 países.
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Crise na Chopin
Conforme apurado pela agência Franceinfo, Ludivine foi contratada em 2021 como gerente de uma nova fábrica da marca na cidade de Billy-sur-Aisne, hoje fechada.
A empresa tentava se introduzir no negócio de aperitivos, mas seus produtos vendiam mal e a produção de champanhe também passava por dificuldades. Além disso, com a pandemia da Covid-19, os preços do vinho explodiram.
Didier Chopin, que comprava a bebida no atacado, começou a ter dificuldade em adquirir a bebida e estava sujeita a multas, caso as encomendas não fossem entregues.
Na época, Ludivine revelou ter sido chamada pelo diretor da empresa para uma encomenda de 800 mil garrafas, que deviam ser produzidas antes de outubro. Alguns dias depois, ela ainda descobriu irregularidades nas caixas com rolhas destinadas às garrafas de champanhe.
“As rolhas de ‘Grand vin de Champagne’ são apenas para a denominação (de origem controlada) champanhe. Há um perímetro definido e eu não estava no perímetro”, disse.
Vale ressalta que apenas os vinhos espumantes provenientes da região de Champanhe – nas proximidades da cidade de Reims – e que seguem um método de produção tradicional podem ser rotulados como “Champanhe”.
Ao perceber que a empresa falsificava a bebida, Ludivine reuniu provas durante dez meses antes de revelar o caso e ser demitida. Apesar da fraude, a ex-funcionária afirma que a receita do vinho espumante não é perigosa para a saúde.
Após a repercussão, a Direção-Geral da Concorrência, Consumo e Controle de Fraude (DGCCRF) foi comunicada e as análises do produto estão em andamento.
O Ministério Público aguarda a recepção do processo da DGCCRF para abrir uma investigação.
Fraudes no Brasil
No Brasil, o Ministério da Agricultura realiza constantes operações para combater fraudes.
Em novembro, por exemplo, auditores fiscais federais agropecuários recolheram mais de 33 mil litros de bebidas, incluindo vinhos e bebidas alcoólicas mistas, em Santa Catarina.
Segundo a pasta, havia indícios de que as bebidas foram adulteradas com aditivos, extratos vegetais vencidos – ou sem procedência – e rótulos irregulares que possuem alegações que podem induzir os consumidores ao engano sobre sua composição, origem e natureza.
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