Dentro de expectativas, usinas moeram 605,4 milhões de toneladas entre 2020 e 2021. Clima, produtividade e mercado levaram a incremento de 43% do adoçante, enquanto etanol teve baixa de 8,7%. Colheita de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto
EPTV/Reprodução
O Centro-Sul do país encerrou a safra 2020/2021 da cana-de-açúcar em alta de 2,56% na moagem da matéria-prima em relação ao período anterior e ficou dentro das projeções do setor, segundo dados divulgados nesta terça-feira (13) pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
A região que representa em torno de 90% da cadeia sucroenergética brasileira processou 605,46 milhões de toneladas., diante de 590,36 milhões de toneladas entre 2019 e 2020
Cenário marcado por uma maior produtividade por hectare nas lavouras – alta de 2,3%, segundo estimativas do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) – de e um clima seco que favoreceu a colheita no tempo certo, de acordo com a entidade.
O volume supera as estimativas iniciais do ano passado, quando especialistas projetavam entre 596 e 604,5 milhões de toneladas, e fica abaixo dos 607 milhões estimados às vésperas do fim de um ciclo marcado por incertezas em meio à pandemia da Covid-19 e pelo início do RenovaBio, política nacional de biocombustíveis que visa à descarbonização da matriz energética brasileira.
A elevação nos números antecede uma expectativa de queda de 3,5% para o ciclo 2021/2022, que oficialmente começou em abril com projeção de 586 milhões de toneladas, abaixo do registrado entre 2019 e 2020. A previsão é de que, até o fim a primeira quinzena de abril, 160 usinas estejam em operação, 20 a menos do que um ano atras.
Açúcar: produção em alta
Uma maior moagem da cana foi um dos fatores que proporcionaram uma elevação de 43,7% na produção de açúcar nas usinas do Centro-Sul. O subproduto da cana chegou a um volume de 38,46 milhões de toneladas, diante de 26,76 milhões de toneladas a safra anterior.
A alta também foi impulsionada pelo clima seco, pelo acréscimo de 4,4% no nível da qualidade da matéria-prima, medida em açúcares totais recuperáveis (ATR), além de mercado consumidor e taxa cambial favoráveis para as vendas no exterior.
Com isso, o açúcar terminou o período como responsável por 46,07% da destinação da matéria-prima destinada pelas usinas. Um ano antes, essa participação era de 34%.
Moagem de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto
EPTV/Reprodução
Etanol: predominante, mas em baixa
Diferente do açúcar, o etanol fechou em queda de 8,7% no volume produzido, com 30,37 bilhões de litros, quase 3 bilhões a menos em relação à safra 2019/2020. Na segunda quinzena de março, o recuo na produção foi de 18% com apenas 37 usinas em operação destinada a esse subproduto – um ano antes eram 76.
A redução é explicada pelas medidas contra a pandemia, que restringiram a mobilidade e, consequentemente, a demanda por combustíveis no país, apesar de um aumento na procura registrada em março.
Na avaliação geral, segundo a Unica, as vendas de etanol por parte das usinas, em mais de 91,2% destinadas ao mercado interno, caíram em média 7,49% e atingiram patamares semelhantes aos de 2018/2019.
Média puxada pela retração de 10,4% dentro do país e amenizada, em parte, por um crescimento de 40,88% nos negócios firmados no exterior.
Com isso, o subproduto perdeu espaço para o açúcar e sua participação, ainda predominante, caiu de 65,67% – em 2019/2020 – para 53,93% no mix de produção.
O percentual é abaixo do que especialistas imaginavam no começo do ano passado, quando esperavam uma participação de 59,2% em uma conjuntura influenciada pela quebra de produção do açúcar em países como Índia, Tailândia e México que já favorecia o Brasil.
De toda a produção das usinas, a maior parte – 20,6 bilhões de litros – resultou em etanol hidratado, concorrente direto da gasolina nos postos, em queda de 11,31% na produção. Outros 9,7 bilhões foram de etanol anidro, misturado na composição da gasolina, com baixa de 2,65%.
Fora da cadeia sucroegernética, o mercado de etanol na região contou com um incremento de 2,57 bilhões de litros produzidos a partir do milho que representam 8,45% de toda a produção do biocombustível do Centro-Sul e resultaram em uma alta de 58,13%.
Mesmo com as baixas, a Unica garante que os estoques de etanol foram suficientes para atender o abastecimento de automóveis no país, a demanda adicional por álcool destinado a fins sanitários na pandemia e equilibrar a oferta às necessidades do mercado pelos próximos meses.
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