Antes, empresa recebia entre 50 a 100 pedidos de kits. Atualmente, os pedidos chegam em até 500 por mês. Lei proibiu venda e distribuição de canudos plásticos em 2019 no AC. Procura por kits de canudos de bambu aumentou em até 400%, diz agrônomo
Divulgação/Empresa Ambiental Amazônia
O canudo plástico parece inofensivo, mas virou um vilão para o meio ambiente, porque não é biodegradável e leva centenas de anos para se decompor. No país, muitas cidades proibiram a venda e distribuição do utensílio. Outras estudam proibir.
Em 2019, o Acre aprovou uma lei – ainda sem regulamentação – proibindo o canudo plástico.
No estado acreano, uma alternativa sustentável, leve, durável, prática e reutilizável vem ganhando adeptos: o canudo de bambu. Em seis meses, o agrônomo Emanuel Amaral, que confecciona o canudo, viu a procura pelos kits aumentar em até 400%.
O kit vem com um estojo e uma escova para limpar o canudo após o uso e custa entre R$ 15 a R$ 25. Há kits com quatro, dois e apenas um canudo.
Amaral diz que eram vendidos entre 50 a 100 kits até o mês de julho. Após seis meses, ele diz que recebe encomendas de até 500 kits por mês.
“Vem aumentando gradativamente após a lei, com o lançamento, tivemos um aumento, tanto de restaurante, bares. Isso é uma tendência natural, após a publicação da lei sobre a disponibilidade do canudo de plástico”, reforçou.
Curso e kit de presente
A estudante de arquitetura Susi Correia, de 25 anos, mora em Rio Branco e aderiu ao kit de canudos de bambu. No mês de maio ela participou de uma oficina de bambu, ganhou um kit e até já comprou outros para presentear amigos.
“Foi aí que tive o primeiro contato com o bambu. Hoje tenho meu kit. Nunca tive hábito de usar canudo [de plástico], mas sempre gostei de tomar milkshake e vinha com o canudo de plástico. Nesse kit tem vários canudos, para refrigerante, milkshake e outros”, explicou.
Além de preservar o meio ambiente, a estudante relembrou que o canudo de bambu não cria bactéria, pode se higienizado com uma escovinha e reutilizado.
“Faz mais sentido porque o bambu não é fertilizado, cresce natural, é fibroso e tem o próprio sistema de defesa que faz com que tenha essa resistência de bactéria. É mais fácil para utilizar”, ressaltou.
Canudo de bambu é reutilizável e vem com escova para limpar após o uso
Susi Correia/Arquivo pessoal
A jornalista Maria Meireles é outra moradora de Rio Branco adapta de canudos biodegradáveis. Entre julho e setembro, Maria usava canudos de bambu, caso precisasse em alguma ocasião. Em setembro, a jornalista ganhou um kit de canudo de metal, que utiliza e carrega na bolsa desde então.
“O tanto de lixo que a gente gera, então, foi pensando nisso também. É desnecessário. A gente se acostumou a usar [canudo de plástico], mas não precisamos daquilo para tomar uma água, suco. é importante as pessoas perceberem que não fazemos isso pelo meio ambiente, como se ele fosse separado da gente. Nós somos o meio ambiente também, fazemos pela nossa vida”, frisou.
Distribuição
Além dos pedidos de kits, o agrônomo diz que há ainda os pedidos por unidades. Os donos de restaurantes e bares chegam a encomendar de 200 a 500 canudos de bambu para os estabelecimentos.
“A procura aumentou, com certeza. Desde o uso pessoal, para presentes, brindes de aniversário a promoção de marketing empresarial. Além dos kits individuais, que são personalizados, tem os pedidos para bares, que são por unidades”, apontou.
Processo
O processo de produção do canudo é feito artesanalmente e começa com a seleção das varas, que precisam estar maduras, o corte do tamanho padronizado, o processo de tratamento por calor e outros.
Há ainda a parte de assar no forno, depois um processo de lixamento para uniformização do canudo. E, por fim, a limpeza e montagem dos kits.
Depois de pronto, o canudo é colocado em um estojo, junto com a escova de higienização. Se o cliente quiser, o canudo é personalizado com desenhos ou o nome da pessoa.
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