‘Diário Oficial’ informa que exoneração foi a pedido de Salles. Joaquim Alvaro Pereira Leite foi nomeado por Bolsonaro como novo ministro do Meio Ambiente. Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente
REUTERS/Ueslei Marcelino
O presidente Jair Bolsonaro exonerou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A exoneração foi publicada nesta quarta-feira (23) em edição extra do “Diário Oficial da União” e informa que a exoneração foi a pedido de Salles.
No mesmo decreto, Bolsonaro nomeou Joaquim Alvaro Pereira Leite como novo ministro do Meio Ambiente. Até então, Leite ocupava o cargo de secretário da Amazônia e Serviços Ambientais do ministério.
Antes de integrar o governo, o novo ministro do Meio Ambiente foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das organizações que representam o setor agropecuário no país.
Nesta terça (22), ao participar de uma cerimônia no Palácio do Planalto, na qual o governo anunciou o Plano Safra 2021-2022, Bolsonaro elogiou Salles.
“Prezado Ricardo Salles, você faz parte da história. O casamento da Agricultura com o Meio Ambiente foi um casamento quase que perfeito. Parabéns, Ricardo Salles. Não é fácil ocupar seu ministério. Por vezes, a herança fica apenas uma penca de processos”, declarou Bolsonaro.
No Palácio da Alvorada, em conversa com apoiadores nesta quarta, Bolsonaro foi questionado sobre a saída de Salles. E respondeu: “Ele pediu para sair. Ele pediu para sair, então, ele que tem que falar sobre [o assunto] porque ele pediu para sair.”
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A gestão de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente foi marcada por uma série de polêmicas.
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Uma das polêmicas de Salles envolve a reunião ministerial de 22 de abril de 2020, no Palácio do Planalto.
Na reunião, Ricardo Salles sugeriu a Bolsonaro que o governo aproveitasse que a atenção da imprensa estava voltada para a pandemia da Covid-19 para “ir passando a boiada” na área ambiental, alterando regras.
Além disso, Ricardo Salles é alvo de inquérito, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), por supostamente ter atrapalhado investigações sobre a maior apreensão de madeira da história.
A suspeita foi apresentada pela Polícia Federal. Ao Supremo, a PF disse haver “fortes indícios” de que Ricardo Salles participa de um esquema de contrabando ilegal. Salles nega ter cometido irregularidades.
No Ministério do Meio Ambiente, Salles também entrou em atrito com o Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) quando o órgão divulgou dados de desmatamento.
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Pronunciamento
Em manifestação no Palácio do Planalto após o pedido de demissão, Salles relacionou medidas que adotou à frente da pasta e reclamou das críticas.
“Experimentei ao longo destes dois anos e meio muitas contestações, tentativas de dar a essas medidas caráter de desrespeito à legislação, o que não é verdade”, declarou.
Segundo ele, a sociedade espera “respeito” ao setor produtivo e à iniciativa privada. Salles destacou a necessidade de o Brasil ampliar as obras de infraestrutura e “continuar sendo o grande líder do agronegócio”.
O ex-ministro defendeu uma transição “serena”. “Para que se faça da maneira mais serena possível, apresentei meu pedido de exoneração”, disse.
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Cobrança internacional
Desde que Bolsonaro assumiu o governo e nomeou Salles no cargo de ministro do Meio Ambiente, o Brasil tem sido cobrado internacionalmente a adotar medidas de proteção do meio ambiente.
A cobrança já partiu de países como Estados Unidos, Alemanha e Noruega (clique no nome do país para relembrar a cobrança).
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Ainda no período eleitoral, Bolsonaro dizia que não nomearia no cargo de ministro do Meio Ambiente algum “xiita ambiental”.
Também na campanha, Bolsonaro disse que se eleito iria tirar o Brasil do Acordo de Paris, mas, depois, afirmou que não iria retirar.
Análise
Veja no vídeo abaixo a análise de comentaristas da GloboNews sobre a saída de Salles:
VÍDEO: Comentaristas da GloboNews analisam saída de Ricardo Salles do governo
Troca de ministros no governo Bolsonaro
Veja todas as trocas de ministros no governo Bolsonaro:
Secretaria-Geral da Presidência: Gustavo Bebianno foi substituído por Floriano Peixoto Vieira Neto;
Educação: Ricardo Vélez Rodríguez foi substituído por Abraham Weintraub;
Secretaria de Governo: Carlos Alberto dos Santos Cruz foi substituído por Luiz Eduardo Ramos;
Secretaria-Geral da Presidência: Floriano Peixoto Vieira Neto foi substituído por Jorge Antonio Oliveira;
Desenvolvimento Regional: Gustavo Canuto foi substituído por Rogério Marinho;
Casa Civil: Onyx Lorenzoni foi substituído por Walter Braga Netto;
Cidadania: Osmar Terra foi substituído por Onyx Lorenzoni;
Saúde: Luiz Henrique Mandetta foi substituído por Nelson Teich;
Justiça e Segurança Pública: Sergio Moro foi substituído por André Luiz Mendonça;
Advocacia-Geral da União: André Luiz Mendonça foi substituído por José Levi Mello do Amaral Junior;
Ministério da Saúde: Nelson Teich pediu demissão. Eduardo Pazuello assumiu como interino;
Comunicações: recriação da pasta, desmembrada do MCTIC. Fabio Faria assumiu;
Educação: Abraham Weintraub saiu. Dias depois foi nomeado Carlos Alberto Decotelli;
Educação: Decotelli pediu demissão. Entrou Milton Ribeiro;
Turismo: Marcelo Álvaro Antônio demitido. Gilson Machado assumiu a pasta;
Secretaria-Geral: Jorge Oliveira exonerado para assumir vaga no TCU. Saída oficializada em 31/12/2020. Onyx Lorenzoni assume a Secretaria-Geral;
Cidadania: Onyx Lorenzoni assume a Secretaria-Geral e João Roma é anunciado ministro da Cidadania. Mudança anunciada em 12/02/2021;
Banco Central: Bolsonaro sanciona autonomia do BC, e Campos Neto perde status de ministro;
Saúde: Eduardo Pazuello deixa a pasta, e médico Marcelo Queiroga assume;
Relações Exteriores: Ernesto Araújo pediu demissão em 29/03/2021. Embaixador Carlos França assume o ministério;
Defesa: General Fernando Azevedo e Silva deixa o cargo. Braga Netto assume;
Casa Civil: Braga Netto deixa o cargo. General Luiz Eduardo Ramos assume a pasta;
Secretaria de Governo: Luiz Eduardo Ramos deixa o cargo. Deputada Flávia Arruda assume a pasta;
Justiça: André Luiz Mendonça volta para AGU. Delegado Anderson Torres assume a pasta;
AGU: José Levi deixa o cargo. André Luiz Mendonça retorna para AGU;
Meio Ambiente: Salles deixa a pasta. Joaquim Alvaro Pereira Leite Assume.
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