Reportagem do ‘The Guardian’ obteve acesso a documentos que indicam que rede social tomou ações mais rápidas para conter abuso em alguns países do que outros. Empresa nega que priorize determinadas regiões. Logo do Facebook.
Richard Drew/AP Photo
O Facebook possui uma brecha que permite que figuras políticas gerem interações falsas, segundo uma reportagem desta segunda-feira (12) do jornal britânico “The Guardian” feita a partir um levantamento com documentos internos da rede social.
Segundo a matéria, apesar de detectar os casos, a rede social demorou para tomar iniciativas em países como Afeganistão, Iraque e México, enquanto medidas mais rápidas teriam sido realizadas nos EUA, na Coreia do Sul e na Polônia
A publicação também ouviu Sophie Zhang, uma ex-cientista de dados do Facebook, que disse que a rede social toma ações com base no potencial de danos à sua imagem.
A empresa negou priorizar países na detecção de mau uso de suas ferramentas.
“Discordamos profundamente da caracterização da senhora Zhang em relação às nossas prioridades e esforços para acabar com abusos em nossa plataforma”, disse uma porta-voz ao jornal.
“Nós procuramos agressivamente os abusos em todo o mundo e temos equipes especializadas focadas neste trabalho. Como resultado, derrubamos mais de 100 redes de comportamento inautêntico coordenado”, afirmou o Facebook.
A brecha
O Facebook proíbe que as pessoas mantenham mais de um perfil e possui sistemas automatizados que conseguem identificar esse comportamento.
Campanhas mal-intencionadas, porém, passaram a criar páginas (como de sites ou pequenos negócios) que se disfarçam de perfis – ou seja, com foto e nome de uma pessoa.
Com isso, passaram a criar um “engajamento falso” – curtidas, comentários e compartilhamentos feitos por essas páginas.
Ações como essas podem criar uma falsa sensação de um conteúdo ou opinião de um político é popular, além de enganar os algoritmos do Facebook que passariam a recomendar um determinado post para mais pessoas.
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Quanto mais engajamento uma publicação tem, mais ela passa a ser recomendada e aparecer para os usuários.
Ações do Facebook
Os documentos obtidos pelo “The Guardian” mostraram que iniciativas como essas foram detectadas pelo Facebook em diversos países.
Em alguns locais, como Polônia, Taiwan, Índia, Ucrânia e Coreia do Sul, a reação da rede social levou 45 dias ou menos.
Em um caso envolvendo Filipinas e Estados Unidos em conjunto, a retirada das páginas falsas levou 7 dias.
Em outros países, como El Salvador, Afeganistão, Iraque, Argentina, México e Azerbaijão, a reação demorou entre 94 dias e 426 dias.
A ex-cientista de dados alegou que essa diferença aconteceu devido a um sistema de prioridades do Facebook, algo que a rede social nega.
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Ela citou uma conversa em 2019 que teve com Guy Rosen, vice-presidente de integridade da empresa, na qual ele disse que há “centenas de milhares de tipos de abuso” e que por isso era preciso começar por “principais países, áreas de prioridade máxima”.
O jornal “The Guardian” disse ainda que a plataforma não agiu em diversas ocasiões e que a brecha de criação de páginas continua sendo explorada.
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