Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram que, em dezembro de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro recusou substituir o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, que resistia a apoiar um golpe de Estado. O pedido foi feito pelo general Mario Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, preso nesta terça-feira (19/11) durante a Operação Contragolpe.
Tentativa frustrada de articulação
Em diálogo com Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro, Fernandes relatou insatisfação com Nogueira, sugerindo que o ex-ministro Walter Braga Netto, mais alinhado ao plano golpista, assumisse o posto. No entanto, segundo Fernandes, Bolsonaro rejeitou a ideia, afirmando: “Ah, não, porra, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe.”
Fernandes ainda destacou a necessidade de “quebrar ovos” para implementar o plano, indicando que acreditava haver apoio popular para avançar com as ações.
Fraude nas urnas e investigações
As mensagens também revelaram tentativas de comprovar uma suposta fraude nas urnas eletrônicas. Fernandes mencionou encontros com um hacker que alegava ter desenvolvido um código malicioso capaz de comprometer o sistema eleitoral. A estratégia incluía a criação de ferramentas de busca para identificar linhas de código semelhantes no sistema eleitoral, mas os esforços não resultaram em conclusões concretas.
Prisão de militares e planejamento de crimes graves
Além de Mario Fernandes, outros militares foram presos na Operação Contragolpe, incluindo o tenente-coronel Helio Ferreira Lima e dois majores do Exército. A PF acusa o grupo de planejar assassinatos de líderes como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Os investigados são parte dos chamados “kids pretos”, militares especializados em ações de sabotagem e insurgências populares. Segundo a PF, o grupo pretendia fomentar revoltas populares e atos de violência como parte do plano golpista.
Ação da PF e contexto político
As prisões reforçam o papel da Polícia Federal em desmantelar ações antidemocráticas planejadas por aliados de Bolsonaro. As investigações fazem parte de um contexto mais amplo, envolvendo a Operação Tempus Veritatis, que desde fevereiro apura movimentações para impedir a posse de Lula.
Os desdobramentos destacam as tensões e conspirações que marcaram o período de transição de governo, trazendo à tona detalhes sobre articulações que poderiam ter colocado a democracia brasileira em risco.
Fonte:Metrópoles
Foto:Poder360
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