Cúpula, virtual, será em 22 e 23 de abril. Outros convidados incluem a chanceler Angela Merkel, da Alemanha, e o presidente francês, Emmanuel Macron, com quem Bolsonaro trocou críticas em 2019 sobre a Amazônia, e a primeira-ministra da Noruega. Os três receberam, em janeiro, um pedido de ajuda para a floresta feito por ex-ministros brasileiros do Meio Ambiente. Presidente dos EUA, Joe Biden, em coletiva de imprensa na quinta-feira (25).
Leah Millis/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convidou, na sexta-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro e outros 39 líderes mundiais a participarem de uma reunião sobre clima. A chamada “Cúpula dos Líderes sobre o Clima” será nos dias 22 e 23 de abril e ocorrerá on-line, com transmissão ao vivo.
A intenção é que o evento seja uma preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP26, prevista para acontecer de 1º a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia (veja detalhes mais abaixo).
O convite foi oficializado em uma publicação na página da Casa Branca. Outros convidados incluem a chanceler Angela Merkel, da Alemanha, e o presidente francês, Emmanuel Macron. Bolsonaro trocou críticas com ambos em 2019 sobre a Amazônia.
A chanceler alemã, Angela Merkel
Hannibal Hanschke/Reuters
Entre os possíveis participantes estarão os membros do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, que inclui 17 países responsáveis por aproximadamente 80% das emissões globais de gases estufa e do PIB global. O Brasil faz parte dessa lista (veja todos os integrantes ao final desta reportagem).
Também foi convidada para o encontro a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, que, junto com Merkel e Macron, recebeu, em janeiro, um pedido de ajuda de 9 ex-ministros do Meio Ambiente brasileiros para a floresta. No texto, escrito pouco depois do colapso do sistema de saúde em Manaus, os ex-ministros disseram que a “Amazônia brasileira está sendo devastada neste momento por dupla calamidade pública, ambiental e de saúde”.
Erna Solberg
Audun Braastad/AFP
A Noruega é a principal doadora do Fundo Amazônia, com cerca de 94% do financiamento. Em 2019, o país bloqueou um repasse de R$ 132,6 milhões ao fundo depois que o Brasil anunciou a intenção de alterar a composição de um comitê de desmatamento do fundo e de destinar recursos para indenizar proprietários de terras. Na época, o país nórdico também pediu a empresas que atuam no Brasil que verificassem se estavam causando danos à Amazônia.
A Alemanha, segunda maior doadora, também suspendeu repasses. Juntos, os dois países respondem por quase todo o financiamento do fundo; apenas 0,5% vem da Petrobrás.
Para o encontro de abril, Biden também convidou líderes de países que estão demonstrando forte liderança climática, são especialmente vulneráveis aos impactos do clima ou estão traçando caminhos inovadores para uma economia de emissões líquidas zero de gases estufa. Um pequeno número de líderes empresariais e da sociedade civil também participará (veja convidados ao final da reportagem).
Metas americanas de emissões
Fumaça de incêndios no norte da Califórnia em setembro de 2020
Noah Berger/AP Photo
No evento de abril, os Estados Unidos vão anunciar a meta americana de emissões de gases estufa até 2030. O intuito das metas de emissões é que cada país determine o seu objetivo nacional de modo a evitar que a temperatura do planeta aumente mais que 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC é uma das metas estabelecidas no Acordo de Paris. Em novembro, o ex-presidente americano Donald Trump oficializou a saída dos EUA do acordo – que já havia sido anunciada por ele três anos antes.
Em janeiro, ao assumir a presidência, Biden assinou um ato executivo que colocou os Estados Unidos outra vez no acordo.
No convite, a Casa Branca diz que a Cúpula dos Líderes sobre o Clima “enfatizará a urgência – e os benefícios econômicos – de uma ação climática mais forte”. Biden convidou os líderes a usarem a reunião “como uma oportunidade para delinear como seus países também contribuirão para uma ambição climática mais forte”.
O encontro, diz a nota, “será um marco importante” no caminho para a COP26. A cúpula também deve destacar “exemplos de como a ambição climática aprimorada criará empregos bem remunerados, promoverá tecnologias inovadoras e ajudará os países vulneráveis a se adaptarem aos impactos do clima”.
Veja os principais temas do encontro:
Esforços para mobilizar as principais economias do mundo a reduzirem as emissões de gases estufa nesta década, para manter o limite de aquecimento de 1,5ºC ao alcance;
Mobilizar o financiamento dos setores público e privado para impulsionar a transição para emissão líquida zero e ajudar os países vulneráveis a lidar com os impactos climáticos;
Os benefícios econômicos da ação climática, com forte ênfase na criação de empregos, e a importância de garantir que todas as comunidades e trabalhadores se beneficiem da transição para uma nova economia de energia limpa;
Impulsionar tecnologias de transformação que podem ajudar a reduzir as emissões e na adaptação às mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que criam novas oportunidades econômicas e constroem as indústrias do futuro;
Apresentar atores subnacionais e não estatais comprometidos com a recuperação verde e uma visão equitativa para limitar o aquecimento a 1,5ºC e que estão trabalhando em estreita colaboração com os governos nacionais para promover a ambição e a resiliência;
Discutir oportunidades para fortalecer a capacidade de proteger vidas e meios de subsistência dos impactos da mudança climática, abordar os desafios de segurança global colocados pela mudança climática e o papel das soluções baseadas na natureza para atingir as metas de emissões líquidas zero até 2050.
Veja a lista de líderes convidados:
África do Sul: presidente Matamela Cyril Ramaphosa*
Alemanha: chanceler Angela Merkel*
Antígua e Barbuda: primeiro-ministro Gaston Browne
Arábia Saudita: rei Salman bin Abdulaziz Al Saud
Argentina: presidente Alberto Fernández
Austrália: primeiro-ministro Scott Morrison*
Bangladesh: primeira-Ministra Sheikh Hasina
Brasil: presidente Jair Bolsonaro*
Butão: primeiro-ministro Lotay Tshering
Canadá: primeiro-ministro Justin Trudeau*
Chile: presidente Sebastián Piñera
China: presidente Xi Jinping*
Comissão Europeia: presidente Ursula von der Leyen*
Conselho Europeu: presidente Charles Michel
Colômbia: presidente Iván Duque
Coreia do Sul: presidente Moon Jae-in*
Dinamarca: primeira-ministra Mette Frederiksen
Emirados Árabes Unidos: presidente Sheikh Khalifa bin Zayed Al Nahyan
Espanha: primeiro-ministro Pedro Sánchez
França: presidente Emmanuel Macron*
Gabão: presidente Ali Bongo Ondimba
Índia: primeiro-ministro Narendra Modi*
Indonésia: presidente Joko Widodo*
Israel: primeiro-ministro Benjamin Netanyahu
Itália: primeiro-ministro Mario Draghi*
Jamaica: primeiro-ministro Andrew Holness
Japão: primeiro-ministro Yoshihide Suga*
México: presidente Andrés Manuel López Obrador*
Nigéria: presidente Muhammadu Buhari
Noruega: primeira-Ministra Erna Solberg
Nova Zelândia: primeira-ministra Jacinda Ardern
Polônia: presidente Andrzej Duda
Quênia: presidente Uhuru Kenyatta
Reino Unido: primeiro-ministro Boris Johnson*
República das Ilhas Marshall: presidente David Kabua
República Democrática do Congo: presidente Félix Tshisekedi
Rússia: presidente Vladimir Putin*
Singapura: primeiro-ministro Lee Hsien Loong
Turquia: presidente Recep Tayyip Erdoğan
Vietnã: presidente Nguyễn Phú Trọng
*membros do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima. A União Europeia, da qual a Polônia, a Dinamarca e a Espanha fazem parte, é um dos membros. Os Estados Unidos, que não aparecem na lista, são o 17º país.
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