Alegações são de que o herbicida Roundup, feito à base de glifosato, é cancerígeno. Acordo chega até US$ 10,9 bilhões. Agrotóxico Roundup, da Monsanto, comprada pela Bayer, é visto em prateleira de varejista próximo a Bruxelas
Yves Herman/Reuters
A empresa alemã Bayer informou nesta quarta-feira (24) que chegou a um acordo de até US$ 10,9 bilhões para encerrar processos nos Estados Unidos relacionados a alegações de que o herbicida Roundup causa câncer. O produto é feito à base de glifosato, o agrotóxico mais vendido no mundo e no Brasil.
Quais são e para que servem os ingredientes dos agrotóxicos mais vendidos
Em maio, a empresa já havia avançado na busca de um acordo. A companhia herdou a disputa legal com a aquisição da Monsanto, em 2018, empresa que criou o herbicida Roundup.
O número total de processos relacionados à empresa sobre este tema chegou a 125 mil. Somente em abril deste ano, a companhia foi processada por 52.500 demandantes.
Em março de 2019, por exemplo, um júri de São Francisco (EUA) decidiu, por unanimidade, que o agrotóxico contribuiu para o linfoma não Hodgkin (LNH) de Edwin Hardeman, de 70 anos, que vive na Califórnia. Ele usou o herbicida com regularidade de 1980 a 2012 em sua propriedade em Sonoma County, na Califórnia.
O que é o glifosato e para que serve?
Trata-se de um princípio ativo, isto é, uma molécula desenvolvida na fabricação de produtos químicos e que surgiu nos anos 1950. Porém, ele ficou conhecido somente nos anos 1970, quando a Monsanto desenvolveu um poderoso herbicida. Suas vendas estouraram quando a companhia lançou sua linha de sementes transgênicas Roundup, resistentes ao glifosato, nos anos 1990.
O herbicida à base de glifosato é aplicado nas folhas de plantas daninhas, aquelas que nascem espontaneamente no meio das lavouras e prejudicam a produção agrícola. Ele bloqueia a capacidade da planta de absorver alguns nutrientes. Ou seja, é um produto usado para matar planta.
O glifosato também pode ser usado como dessecante. Ou seja, se o produtor quiser colher a soja e por algum motivo ela ainda estiver verde, o herbicida uniformiza a lavoura e permite antecipar a colheita.
Faz mal para a saúde?
Há muitas controvérsias sobre isso. Em 2015, por exemplo, uma avaliação da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, descreveu o produto como um “provável causador” de câncer, posição que mantém até hoje.
Já a agência reguladora europeia, EFSA, reavaliou o glifosato em 2016 e o considerou seguro para a saúde humana, desde que os resíduos nos alimentos sejam baixos. No mesmo ano, uma reunião de representantes da OMS e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) deu parecer positivo ao glifosato.
No Brasil, por sua vez, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez, em março de 2019, uma reavaliação sobre o glifosato, iniciada em 2008, e afirmou que ele “não apresenta características mutagênicas e carcinogênicas”.
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