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Após quase 4 anos de incêndio, seringal urbano no Acre passa por reforma e reflorestamento

Embrapa deu suporte técnico para o manejo e reflorestamento do Parque Capitão Ciríaco, em Rio Branco. Edificações também passam por revitalização. Quatro meses após o atentado, parque ainda espera por reforma
Divulgação/FGB e Caio Fulgêncio/G1
Após quase quatro anos do incêndio criminoso no Parque Capitão Ciríaco, em Rio Branco, que destruiu, além da estrutura física, o acervo histórico com mais de 100 peças, o local passa por reforma e reflorestamento.
O incêndio que atingiu o parque foi uma das várias ocorrências que marcaram o mês de agosto de 2016 no Acre. Na época, houve o registro de diversos atentados em resposta à morte de um assaltante durante troca de tiros com a Polícia Militar. No mesmo dia que atearam fogo ao patrimônio histórico, foram contabilizadas pelo menos outras nove ocorrências.
Desde então, o local passou apenas por pequenos reparos e seguiu com algumas poucas atividades culturais, através da visitação de alunos. O presidente da Fundação Municipal de Cultura, Esporte e Lazer Garibaldi Brasil (FGB), Sérgio de Carvalho afirmou que no final do ano passado foi feita a reconstrução da passarela de acesso ao parque.
A passarela, que tinha estrutura toda de madeira, foi substituída por uma de concreta e instalada em uma altura maior para que durante a enchente do igarapé não deixasse o local isolado. As edificações em madeira que foram perdidas durante o incêndio só começaram a ser reformadas há cerca de um mês.
“O parque está passando agora por uma reforma em todos os espaços dele com recursos próprios da prefeitura. Estamos revitalizando todas as casinhas do parque, inclusive a mais alta que foi afetada pelo incêndio e estava quase para desmoronar. Desde o incêndio a gente não tinha tido uma reforma da maneira que precisava e ela está sendo feita agora”, disse Carvalho.
Com relação ao acervo, que teve perda total, o presidente disse que este não foi possível recuperar nada. Em dezembro de 2016, a prefeitura chegou a dizer que o acervo histórico seria reconstruído com doações, mas segundo Carvalho, não existe um local adequado para guardar as doações e, por isso, não foi dado continuidade ao projeto.
“Justamente por não termos local apropriado para armazenar acervo, não fizemos nenhum tipo de campanha de resgatar acervo. O que foi perdido no incêndio, infelizmente foi perdido mesmo porque até os backups estavam na mesma sala. Então o parque vai continuar sendo além de um atrativo turístico de Rio Branco, um espaço de grande relevância histórica, cultural e ambiental”, explicou.
A expectativa é que o parque seja entregue no próximo dia 5 de setembro, quando é comemorado o Dia da Amazônia.
Após incêndio, parque Capitão Ciríaco passa por reflorestamento com suporte técnico da Embrapa em Rio Branco
Arquivo/Embrapa
Suporte técnico da Embrapa
Além das casas e acervo, muitas das árvores do parque foram destruídas com o incêndio. Após pedido de apoio técnico por parte da prefeitura para a questão florestal, profissionais da Embrapa do Acre fizeram recomendações técnicas para o manejo do solo e reflorestamento do parque.
“A área ambiental do parque estava muito degradada, com árvores mortas. A Embrapa entrou com a parte técnica, de consultoria. É uma grande parceria, a gente já conseguiu muitas mudas com o Viveiro da Floresta e da Ufac e a Semeia junto com a equipe da FGB está fazendo toda parte de plantio”, afirmou Carvalho.
Devem ser plantadas cerca de 800 mudas de árvores nativas em todo o parque, que é cortado por um igarapé. Entre elas mulateiro, castanheira, seringueira e espécies frutíferas.
Por conta das condições de drenagem e das características do solo, o parque foi dividido em três unidades de manejo. Nas áreas mais baixas, deve ser priorizado o plantio de palmeiras, como açaí solteiro, buriti e bacaba. Nessas áreas devem ser plantadas cerca de 480 mudas.
Já nos espaços com drenagem moderada, vão ser destinadas árvores frutíferas e seringueiras, com a recomendação de 200 mudas por hectare, totalizando 320 mudas.
“A preocupação foi ver qual realmente era a necessidade dos solos em termos de adubação e correção e então nosso trabalho foi fazer essa análise. Dessa forma, a recuperação fica mais adequada ao ambiente que se tem e, com isso, a gente espera que nos próximos anos, o parque tenha de volta uma melhoria na sua cobertura florestal”, afirmou o chefe-geral da Embrapa Acre, Eufran do Amaral.
Parque Capitão Ciríaco, em Rio Branco passa por revitalização e reflorestamento
Arquivo/Embrapa
Único seringal urbano do mundo
Localizado no bairro Seis de Agosto, próximo ao Centro de Rio Branco, o Parque Capitão Ciríaco é o único seringal urbano do mundo, segundo o presidente da FGB.
O parque existe desde 1994 e atrai o interesse de visitantes por manter as mesmas características de um seringal – propriedade destinada à extração do látex e produção de borracha.
O antigo seringal foi de propriedade de Ciríaco Joaquim de Oliveira (1858-1938), que recebeu de Plácido de Castro a terra juntamente com a condecoração de capitão em 1911. Tudo isso depois da Revolução Acreana, acontecimento que resultou na anexação do território acreano ao Brasil, em 1903.

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