Reencontro de Lourinha com José Juliano e Erly Gonzaga dos Santos Juliano foi emocionante e trouxe alegria a toda a família. Após decisão da Justiça, Lourinha voltou ao convívio de família moradora de Presidente Prudente
Murilo Zara/TV Fronteira
Depois de muita luta, a história da Lourinha e do casal José Juliano e Erly Gonzaga dos Santos Juliano teve um final feliz. O papagaio, que havia sido apreendido pela Polícia Militar Ambiental, voltou para a casa da família, nesta sexta-feira (21), em Presidente Prudente (SP).
Antes do reencontro, Erly Gonzaga dos Santos Juliano teve de enfrentar uma batalha judicial pela guarda do animal. A Lourinha chegou à família em 1996 e há 24 anos está na casa. No entanto, no início do mês de agosto deste ano, uma fiscalização da Polícia Militar Ambiental verificou que o animal não era registrado e estava em situação irregular em cativeiro. A mulher foi multada e o papagaio acabou apreendido.
Diante da situação, a tristeza de Erly foi tanta que ela e a família decidiram que tinham de fazer algo para tentar reverter o que havia ocorrido. Eles procuraram um advogado e foram à Justiça e, em uma primeira análise, o Poder Judiciário concedeu uma liminar determinando que a Lourinha voltasse para a casa da família.
A Polícia Ambiental apontou que, no passado, existia uma cultura de ter papagaios e outros animais silvestres em casa, mas que atualmente isso é crime.
“O dano coletivo é grande quando esses animais são retirados da natureza. O impacto é grande”, falou o capitão Júlio César Cacciari, da Polícia Ambiental.
O capitão ainda disse que não é comum acontecer esse tipo de ação, mas que acontece. Ele ainda explicou que o processo por crime ambiental, mesmo com a sentença favorável à família, continua. A multa aplicada, no valor de R$ 500, também.
A recomendação para quem quiser ter um papagaio é procurar um criador autorizado pelos órgãos ambientais.
Após decisão da Justiça, Lourinha voltou ao convívio de família moradora de Presidente Prudente
Murilo Zara/TV Fronteira
Na casa de Erly, antes da volta da Lourinha, a expectativa foi grande.
“Aqui ela é tratada como membro da família, como um filho. Ela vive solta, mas não voa. A gente sempre dá frutas, sementes, coisas naturais. Fiquei sem chão sem minha Lourinha”, contou Erly.
A Justiça determinou que o papagaio voltasse para a casa no prazo de 48 horas. A Lourinha estava em Assis (SP), para onde havia sido levada pela Polícia Ambiental.
Erly e o marido, José Juliano, foram até a cidade, que fica na região de Marília (SP), para reencontrar o animal e para trazê-lo de volta para casa. O reencontro foi emocionante.
A tristeza que existia quando a Lourinha foi levada já não persiste mais na casa da família. Com o papagaio de volta, agora é tudo só alegria.
“Quando chegamos lá, tinham vários papagaios. Começamos a chamá-la como fazemos em casa, de ‘Oh, meu loro’. No momento em que ela ouviu, reconheceu nossa voz e respondeu ‘Oh, meu loro’ de volta. Foi muito emocionante. Não teve quem não se emocionou”, contou Erly ao G1.
Após decisão da Justiça, Lourinha voltou ao convívio de família moradora de Presidente Prudente
Murilo Zara/TV Fronteira
“Chegamos em casa, alimentei ela. Ela emagreceu e voltou com um trincadinho no bico, mas vai ser muito bem cuidada, como sempre foi. Continuaremos a dar todo nosso amor e carinho. Sem ela as coisas estavam tristes, mas agora tudo está feliz de novo”, disse ao G1.
Mesmo com o retorno, a história da Lourinha pode ter outros capítulos. O processo ainda está em andamento no Poder Judiciário e somente com uma decisão definitiva a família vai ter a certeza de que ela não vai mais embora. Erly está confiante de que nada mais vai separar as duas.
“Nós estamos muito confiantes, tenho certeza de que ela nunca mais vai ser tirada de nós”, pontuou Erly ao G1.
Após decisão da Justiça, Lourinha voltou ao convívio de família moradora de Presidente Prudente
Murilo Zara/TV Fronteira
Dados
Manter animais silvestres em cativeiro sem a permissão necessária tem sido cada vez mais comum no Oeste Paulista. A prova disso é que o número de animais silvestres apreendidos aumentou 47,30% na região de Presidente Prudente. Já o número de animais soltos diminuiu 6,96%.
De acordo com a Polícia Militar Ambiental, que atende 53 cidades do Oeste Paulista, de janeiro a junho de 2019 foram apreendidas 427 aves e animais silvestres, uma média de 71,16 apreensões por mês. Já os animais soltos foram 244.
Ainda conforme a polícia, de janeiro a junho de 2020 foram apreendidas 629 aves e animais silvestres, média de 104,83 apreensões por mês. No mesmo período, 227 animais foram soltos.
Segundo a Polícia Ambiental, matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar, utilizar espécies da fauna silvestre nativa ou em rota migratória sem a devida permissão ou licença gera multa de R$ 500 por indivíduo que não esteja ameaçado de extinção e de R$ 5 mil caso o animal corra o risco de extinção.
Após decisão da Justiça, Lourinha voltou ao convívio de família moradora de Presidente Prudente
João Vitor Barros Martins de Souza
Papagaio-verdadeiro
A Lourinha é uma ave da espécie conhecida popularmente como papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva).
A espécie distribui-se pelo Nordeste (PI, PB e BA), pelo Brasil Central (MG, GO e MT), pelo Rio Grande do Sul, pelo Paraguai, pelo norte da Argentina e pela Bolívia.
Tem como habitat regiões de mata úmida ou seca, palmais e beira dos rios.
A ave alimenta-se de sementes, frutos e flores, e aprecia muito os cocos de palmeiras.
Os papagaios-verdadeiros nidificam em troncos ocos de palmeiras e outras árvores e regularmente em buracos de barrancos. O casal permanece junto no ninho, mesmo durante o dia. Os ovos são pequenos, brancos e arredondados, e a postura é de 4 ovos.
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O papagaio-verdadeiro mede de 35 a 40 centímetros, pesando 400 gramas. Parte da cabeça é amarela na área próxima aos olhos, com fronte e loros azuis, enquanto o encontro das asas e base da cauda é vermelho. Como todo psitacídeo, vive rigorosamente aos casais, permanecendo unidos pela vida inteira.
Seu bico é escuro e o restante do corpo, verde. Infelizmente ainda é muito procurado como animal de estimação (xerimbabo – na língua indígena), pelo motivo de ser considerado um falador, aprender a pronunciar palavras, imitar músicas, latir, tossir e rir. É importante enfatizar que esta espécie é apta ao arremedo condicionado.
Estão entre as aves mais inteligentes do mundo.
Daí a ser a espécie uma das maiores vítimas do tráfico de animais no Brasil. Oitenta por cento dos animais apreendidos pela polícia são papagaios-verdadeiros.
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