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Após atentados, jornalistas franceses pedem educação para a mídia nas escolas

O jornal Le Monde desta sexta-feira (13) publicou uma carta aberta assinada por 125 jornalistas que defendem mais espaço para a educação para a mídia nas escolas, principalmente após a decapitação do professor de História Samuel Paty. Alunos de uma escola de Nice, França
Reuters
Profundamente atingidos pelo ato terrorista que vitimou Paty, morto por ter mostrado caricaturas de Maomé na classe, 125 jornalistas da Agence France-Presse e do grupo Le Monde, que há anos trabalham como voluntários na associação “Entre as Linhas”, defendem um espaço maior para a educação para a mídia nos estabelecimentos. Eles acreditam que cada um deve fazer a sua parte para educar as crianças e os adolescentes para lidarem com o contraditório, aprenderem a debater e a exercitar seu espírito crítico.
A associação reúne cerca de 200 jornalistas e alguns de aposentados da Agence France-Presse (AFP), Le Monde, Courrier International, L’Obs, Télérama, La Vie e Le Monde des Ados. Todos são voluntários. Trata-se da mobilização mais importante da profissão sobre o assunto na França.
“Somos repórteres, editores da web, editores de fotos, repórteres de imagens, aposentados… Sexta-feira, 16 de outubro, como de costume, contamos e documentamos o que estava acontecendo em Conflans-Saint-Honorine. Mas estávamos abatidos, chocados e queríamos largar nossas canetas, nossas câmeras, largar nossos teclados. Para refletir e pensar sobre Samuel Paty”, diz o texto.
“Apesar dos receios, sentimos a importância de continuar a intervir, ao lado dos professores, na necessidade de informar livremente”, continuam.
Mídia e democracia
Os integrantes da associação contam que há dez anos têm ido às escolas para proporcionar a educação para a mídia e a informação (EMI), “uma questão que se tornou crucial para nossas democracias”.
“Ajudar crianças e adolescentes a aceitarem palavras contraditórias, a debater, a querer ser informados, a valorizar a liberdade de expressão conhecendo os seus limites. Para serem cidadãos esclarecidos”, defendem.
‘O que é informação? Qual é a sua fonte?’
“Tentamos transmitir a eles nossos reflexos de jornalistas”, explicam. “O que é informação? Qual é a sua fonte? Quem está falando e de onde? Esta “informação”, como podemos verificá-la? Podemos publicá-la nas redes sociais? Compartilhar? Dois segundos para parar para pensar. Encontrar o ângulo que os faça pensar, e não reagir”.
O grupo de voluntários diz que intervém na sala de aula a pedido dos professores e trabalham lado a lado com eles. A cada ano, realizam cerca de 300 intervenções em toda a França e atingem cerca de 5.000 alunos, professores e bibliotecários. Mas isso ainda não é suficiente. 
A educação para a mídia e a informação está no programa das escolas, mas nenhum tempo é dedicado especificamente a ela, denunciam.
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“Muitos professores, bem cientes do problema, fazem esse trabalho. Mas eles nos dizem que gostariam de ser formados para isso. Frequentemente, eles expressam a sensação de estar sozinhos, desamparados, às vezes com medo de trazer à tona questões atuais e de que as coisas saiam do controle. Como reagir a comentários odiosos ou conspiratórios?”
A associação busca mais recursos – material, financeiro e humano – para poder propiciar mais formações nas escolas, e almeja atingir também pais de alunos. Eles querem ajudar todos os educadores que lutam diariamente para despertar o espírito crítico em seus alunos. “Vamos nos mobilizar. E que cada um faça a sua parte”, declaram.

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