Após alta histórica nas queimadas, Bolsonaro diz que tenta 'expor' ações do governo em defesa da Amazônia e de indígenas thumbnail
Meio Ambiente

Após alta histórica nas queimadas, Bolsonaro diz que tenta 'expor' ações do governo em defesa da Amazônia e de indígenas

Em reunião do Mercosul, presidente afirmou que há visão ‘distorcida’ sobre a política ambiental brasileira. Ele ainda pediu ‘firme propósito’ do bloco para assinar acordo com a União Europeia. Bolsonaro participa de cúpula do Mercosul
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (2) que o governo brasileiro busca “desfazer opiniões distorcidas”sobre a atuação do Brasil na proteção da floresta Amazônica e dos povos indígenas. Ele disse ainda que o governo tenta mostrar as ações que vem adotando nessas áreas.
Bolsonaro deu a declaração durante reunião de cúpula dos chefes de Estado do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), realizada por videoconferência em razão da pandemia do novo coronavírus.
“Nosso governo dará prosseguimento ao diálogo com diferentes interlocutores para desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil e expor a preservação, as ações que temos tomado em favor da proteção da floresta Amazônica e do bem-estar das populações indígenas”, disse Bolsonaro.
A fala do presidente ocorre um dia após o registro de alta das queimadas na floresta. O número de queimadas na Amazônia em junho foi o maior observado para o mês desde 2007, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Com base em imagens de satélite, o Inpe registrou aumento de 19,6% nas queimadas em comparação com o mesmo mês no ano passado. Em junho de 2020, foram 2.248 focos ativos; em 2019, 1.880.
De acordo com o Inpe, a média histórica para junho é de 2.724 focos ativos de queimadas no bioma Amazônia. Em junho de 2020, o índice ficou 17% abaixo da média dos últimos 21 anos, mas o número não passava dos 2 mil desde 2007, quando houve 3.519 pontos de incêndio na floresta.
O presidente Jair Bolsonaro participou, ao lado do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, da videoconferência do Mercosul
Marcos Corrêa/PR
Acordo com a União Europeia
Bolsonaro abordou a preservação da floresta e o “bem-estar” dos indígenas ao defender acordos comerciais do Mercosul com outros blocos comerciais, como o de livre comércio com a União Europeia.
O Brasil tem sido criticado por políticos, ativistas e organizações não-governamentais em razão da sua política ambiental, o que surge como um empecilho a acordos de livre comércio. Nesse contexto, Bolsonaro afirmou que seu governo tentará expor as medidas adotadas para preservar a Amazônia.
“Apelo a todos os presidentes para que, como eu mesmo fiz, instruam seus negociados a fechar os textos. Atuemos com firme propósito de deixá-los prontos para assinar neste semestre”, afirmou o presidente.
“Ao mesmo tempo, nosso governo dará prosseguimento ao diálogo com diferentes interlocutores para desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil e expor a preservação as ações que temos tomado em favor da proteção da floresta amazônica e do bem-estar das populações indígenas”, completou.
O acordo de livre-comércio entre Mercoul e União Europeia foi concluído em 2019, depois de 20 anos de negociações. Para começar a vigorar, o acordo precisa ser aprovado pelos parlamentos dos países envolvidos. Alguns países europeus vêm alegando que a posição do governo Bolsonaro com relação ao meio ambiente é um empecilho para a ratificação do acordo.
No mês passado, deputados holandeses aprovaram uma moção contra a ratificação, por causa da preocupação com a situação da Amazônia, entre outros aspectos.
Mercosul
Em sua fala, Bolsonaro ressaltou que o Mercosul é o “principal veículo” para a inserção do Brasil no comércio mundial.
A declaração contrasta com outros momentos em que o presidente pôs em dúvida a permanência do Brasil no bloco. Em novembro de 2019, após a vitória de Alberto Fernández na corrida presidencial da Argentina, Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre a permanência do Brasil no Mercosul: “Tudo pode acontecer”, respondeu. Bolsonaro apoiava o rival de Fernández, o então presidente Maurício Macri.
Durante a reunião desta quinta, o Paraguai passou ao Uruguai a presidência temporária do bloco.

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