Presidente do grupo, dono da Claro, diz que isolamento provocado pela pandemia mostrou que as redes são fortes e foram capaz de aguentar o aumento do tráfego. América Móvil é dona da Claro
G1
O isolamento total (“lockdown”) provocado pela pandemia de Covid-19 mostrou ao grupo mexicano América Móvil, dono da Claro no Brasil, que suas redes de telecomunicações são muito fortes e que foi possível gerenciar o aumento do tráfego em todos os países.
No entanto, a crise dificultou a execução de operações, contribuindo para redução entre 25% e 30% dos investimentos previstos para 2020 em relação ao valor originalmente previsto. Com isso, em vez de US$ 8 bilhões, o grupo deverá investir US$ 6 bilhões.
As informações são de Daniel Hajj, presidente da América Móvil, que conversou com analistas por teleconferência para explicar os resultados do terceiro trimestre fiscal. O executivo acrescentou que projetos desnecessários no momento sofrerão um atraso.
Hajj não quis revelar qual o volume de investimento que está sendo planejado para 2021, mas afirmou que será certamente maior do o de 2020. O executivo considerou interessante que muitos fornecedores estão reduzindo preços e seguindo para novas tecnologias, o que tem ajudado o grupo mexicano na sua contenção de recursos.
“Não perdemos nada […], não vamos parar de crescer, não estamos perdendo qualidade, não estamos limitando a capacidade, não vamos interromper, o que é muito importante, todas as coisas digitais que estamos fazendo na companhia”, afirmou, sobre o encolhimento do capex.
De acordo com o executivo, a resiliência das redes em meio à forte expansão do tráfego é resultado dos investimentos que o grupo vem fazendo ao longo dos últimos três anos na infraestrutura e no trecho final das redes que chegam no domicílio dos clientes.
Hajj disse que não sabe o que vai acontecer em 2021, mas que telecomunicação se tornará cada vez mais importante na vida das pessoas e que o “lockdown” acelerou muito o processo digital. “E isso está sendo atendido pelo capex”, afirmou.
Indagado por um analista se a companhia vai se afastar de fornecedores tradicionais de rádio (estação radiobase), como Nokia, Ericsson e Huawei, preferindo Fujitsu, por exemplo, o executivo disse que essa mudança talvez não ocorra com rádio, mas em outras linhas, pois estão surgindo novos fornecedores para novas tecnologias. Explicou que rádio é uma parte pequena do investimento, enquanto se emprega muito em backbone e sistemas digitais.
Desempenho no 3º trimestre
Nos resultados divulgados na noite de ontem, o grupo anunciou receita de 260 bilhões de pesos mexicanos (US$ 11,77 bilhões pela cotação média de setembro) no terceiro trimestre de 2020. O resultado representa crescimento de 4,7% na moeda mexicana frente a igual período de 2019, enquanto a receita de serviços avançou 5,4%. À taxa de câmbio constante, a receita de serviços aumentou 1,5%.
A receita de serviços foi impulsionada pelos ganhos com serviços pré-pagos, que tiveram alta de 2,5%, depois da queda de 2% no trimestre anterior.
O lucro operacional cresceu 18,4%, para 45,1 bilhões de pesos (US$ 2,04 bilhões), ajudando o lucro líquido aumentar 44,6%, para 18,9 bilhões de pesos no terceiro trimestre (US$ 855,34 milhões). O desempenho foi obtido mesmo com os custos financeiros de 22,4 bilhões de pesos terem crescido 82% em base anual, destacou o grupo mexicano.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de 86,5 bilhões de pesos, com uma alta de 10,1% na moeda mexicana. Pela taxa de câmbio constante, o Ebitda cresceu 7,2%, mais de duas vezes que no trimestre anterior, segundo a companhia.
Brasil lidera
O grupo encerrou setembro com 281 milhões de assinantes de serviços móveis, após adições líquidas (o saldo entre ganho e perda de clientes) de 3,2 milhões. A base pós-paga cresceu 5,7% operacionalmente. Na rede fixa são 81 milhões de usuários, o que perfaz um total de 362 milhões de linhas de acesso.
A América Móvil informou que o Brasil lidera o grupo em termos de crescimento do pós-pago, com 1,8 milhão de assinantes, seguido pela Áustria (241 mil) e Colômbia (142 mil).
No encerramento do trimestre, a base pré-paga tinha 186 milhões de assinantes, após adicionar 1,2 milhão no México, cerca de 300 mil na Colômbia e igual número no Equador, e 237 mil no Peru.
Na rede fixa, o grupo conquistou 446 mil novos clientes de banda larga. Contudo, no segmento de TV por assinatura, houve 243 mil desligamentos no trimestre, sendo que em telefonia fixa a queda foi de 242 mil.
Em relação ao desempenho do grupo Claro no Brasil, a controladora informou que as receitas subiram 1,1%, para R$ 9,8 bilhões ante um ano antes, com as receitas de serviços praticamente estáveis em 0,3%. Já as receitas dos serviços móveis cresceram 8,1% no período, enquanto na telefonia fixa caíram 5,1%.
As receitas de serviço móvel foram impulsionadas pela forte recuperação das receitas pré-pagas, que saíram de queda de 1,0% no segundo trimestre para alta de 5,1% no terceiro, e pela continuação do desempenho aquecido das receitas pós-pagas, que tiveram alta de 9% no trimestre.
Ainda sobre os resultados no Brasil, o grupo mexicano destacou que, na plataforma de telefonia fixa, as receitas de banda larga continuaram crescendo no mesmo ritmo do segundo trimestre (9,9%).
Mas em TV paga, a tendência de queda nas receitas se acelerou para 13,6% (era 11,7% trimestre anterior), acompanhando a redução de acessos em TV por assinatura.
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