Amazônia: embaixador alemão vê 'boas intenções', mas pede plano 'concreto' contra desmatamento thumbnail
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Amazônia: embaixador alemão vê 'boas intenções', mas pede plano 'concreto' contra desmatamento

Heiko Thoms foi um dos 12 embaixadores que acompanharam vice-presidente Hamilton Mourão em viagem à região. Segundo ele, plano é essencial para acordo União Europeia-Mercosul. O embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, disse nesta segunda-feira (9) que o governo brasileiro mostra “boas intenções” em encontrar uma solução para frear o desmatamento ilegal na Amazônia, mas, segundo ele, o que se espera do país agora é um “plano concreto” para enfrentar o problema.
Até o mês passado, a quantidade de queimadas na Amazônia já tinha superado a de todo o ano passado.
Thoms foi um dos 12 embaixadores que, na semana passada, participaram de uma viagem de três dias à Amazônia organizada pelo vice-presidente Hamilton Mourão.
Além do vice-presidente, também integraram a comitiva os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Tereza Cristina (Agricultura) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
“É bom que a gente tenha boas intenções, mas o que precisamos agora é de um plano concreto de ações e que ele seja implementado”, disse o embaixador alemão em entrevista ao G1.
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De acordo com Thoms, a mensagem foi transmitida pelos embaixadores à comitiva brasileira durante a viagem.
Ele também afirmou que a apresentação de um plano — e a credibilidade desse plano — serão fundamentais para o andamento do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (leia mais abaixo).
“O que precisamos agora — e nós dissemos aos ministros e ao vice-presidente — é de um plano de longo prazo para combater o desmatamento ilegal, com medidas e prazos concretos e com objetivos claros. Precisamos ter os números exatos de onde o Brasil quer ir e para que patamar o governo brasileiro quer reduzir o desmatamento”, declarou o embaixador.
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Críticas internacionais
A viagem foi organizada depois que oito países europeus enviaram uma carta a Mourão, afirmando que a alta do desmatamento poderia dificultar a importação de produtos brasileiros.
No documento, divulgado em setembro, os países disseram estar comprometidos em limitar o desmatamento das cadeias de produtos agrícolas vendidos para a Europa. Em resposta, Mourão já tinha informado que pretendia levar os embaixadores para visitar o bioma.
A carta foi encaminhada em meio ao aumento das críticas internacionais à política ambiental adotada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, e ao crescimento do desmatamento e das queimadas no país nos últimos meses.
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Bolsonaro e ministros do governo têm apontado que as críticas internacionais são motivadas por interesses comerciais e têm o objetivo de prejudicar produtores brasileiros, especialmente da agricultura e da pecuária.
Em setembro, em discursos apresentados à Organização das Nações Unidas (ONU), Bolsonaro afirmou que o Brasil tem sido “vítima” de uma campanha “brutal” de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal, e voltou a culpar ONGs por crimes ambientais, sem apresentar provas.
Acordo Mercosul-UE
O embaixador afirmou que a proteção ao meio ambiente e a promoção de políticas voltadas à sustentabilidade é uma preocupação do governo alemão e que, por isso, o país tem interesse em cooperar com o Brasil para a redução do desmatamento da Amazônia.
A Alemanha, junto com a Noruega, financia o Fundo Amazônia, criado em 2008 para apoiar projetos de redução do desmatamento e fiscalização.
O Fundo Amazônia está parado desde abril de 2019, quando o governo Bolsonaro extinguiu os colegiados Comitê Orientador (COFA) e o Comitê Técnico (CTFA), base do fundo.
Thoms afirmou que o acordo entre Mercosul e União Europeia abrange aspectos relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade.
Segundo ele, a credibilidade de um futuro plano contra o desmatamento a ser apresentado pelo governo Bolsonaro será essencial para que o acordo saia definitivamente do papel.
“Precisamos ver agora provas de ações sérias. Sustentabilidade é parte do acordo União Europeia-Mercosul mas, se a gente sente que isso não está sendo levado a sério, então também teremos dúvidas sobre o acordo. Queremos nos livrar dessas dúvidas”, afirmou.
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