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Economia

Alta nos preços de insumos aperta margens da indústria de frango no Brasil

Setor avalia que vai precisar importar o produto a partir de maio, enquanto a segunda safra do país não chega ao mercado. Avicultura em Santa Catarina
Cristiano Estrela/Secom/Divulgação
Os avanços nos preços do milho e farelo de soja, principais insumos utilizados na alimentação de frangos, têm apertado as margens da indústria do setor, já afetada pelo recuo nos valores da carne no mercado interno.
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“O problema do setor é o custo no curto prazo, com o milho e o farelo de soja desproporcionalmente caros para a avicultura”, disse o Itaú BBA em análise divulgada nesta terça-feira (7).
Segundo a avaliação do banco, o farelo subiu bastante no último mês associado à desvalorização cambial e o milho segue em patamar muito elevado de preço, em meio à escassez de oferta.
O Indicador de Milho Esalq/B3 encerrou esta segunda-feira cotado a R$ 57,83 por saca de 60 quilos, alta de 51,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já o valor do frango congelado negociado no atacado de São Paulo ficou em R$ 4,39 por quilo na segunda-feira (6), queda de 3,51% na variação anual. Na variação mensal, o recuo chega a 9,48%.
Com o frango em queda e o milho em alta expressiva, a analista de mercado da Scot Consultoria, Juliana Pila, afirmou que a relação de troca tanto para o produtor da ave quanto para a indústria ficou mais apertada.
“A margem vem se estreitando e com toda essa conjuntura de incertezas econômicas (com a crise do coronavírus) não sabemos como vai ficar a demanda no curto e médio prazo. Tínhamos uma expectativa positiva para este ano e com essas incertezas fica difícil de traçar uma nova perspectiva. A margem deve continuar estreita”, explicou.
Neste cenário, o Itaú BBA afirmou que as indústrias que teriam algum alívio nos custos são as que fizeram a aquisição dos insumos para ração antecipadamente, a preços menores.
“Mesmo olhando para o segundo semestre, é válido considerar a possibilidade de que o milho não caia muito, diante das perspectivas de balanço apertado no Brasil”, disse o banco.
Com a expectativa de preços firmes do milho, a indústria de carnes tem avaliado que precisará importar o produto a partir de maio, enquanto a segunda safra do país não chega ao mercado.
Apesar da queda nos valores do frango, os patamares de preço da carne suína e de boi, que são mais elevados, tendem a limitar recuos mais expressivos para o frango no Brasil.
“Em condições de piora econômica, a carne de frango tem a vantagem comparativa do menor preço relativamente às outras carnes. Além disso, o rápido ciclo de produção permite ajustes de rota com relativa rapidez e eficiência.”
A adversidade econômica tende a estar atrelada aos impactos do coronavírus, que desencadeou a interrupção de atividades no comércio, indústria e serviços, em meio a medidas de controle da disseminação da doença.
Quanto ao mercado internacional, o Itaú BBA destacou que muitos novos casos de gripe aviária vêm sendo notificados em diversas partes do mundo, principalmente na Ásia e no Leste Europeu, o que favorece as exportações do Brasil para estas regiões.
“As exportações do Brasil têm crescido… na esteira da boa oferta, preço competitivo e sanidade do produto do Brasil.”
Os embarques de carne de frango in natura de março alcançaram 324 mil toneladas, alta de 2% igual período de 2019. Com isso, o crescimento no primeiro trimestre foi de 9,6%, “um excelente resultado sobretudo nos últimos dois meses, com a China explicando boa parte da expansão”, ressaltou o Itaú BBA.

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