Dólar valorizado em relação ao real e demanda interna e externa aquecidas contribuem para a venda antecipada do grão. Agricultores do Centro-Sul do país já vendem a soja que só será colhida em 2021 e 2022
Os produtores do Centro-Sul do Brasil já estão vendendo a soja que só será colhida em 2021 e, pela primeira vez na história, já tem gente fechando contrato para daqui a dois anos.
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Isso tem ocorrido, porque os agricultores estão aproveitando os preços elevados do grão, em função da valorização do dólar em relação ao real, e da demanda aquecida, tanto no Brasil, como no exterior.
“São preços inéditos. Nós nunca tínhamos visto os preços da soja na casa dos 3 dígitos. Na casa de R$ 100 reais”, diz José Cícero Aderal, vice-presidente da Cocamar, cooperativa que atua no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Pé no acelerador
A venda antecipada da soja é quando uma parte do grão, que ainda não foi semeada, é comercializada a partir de um contrato com um preço já definido. Essa é uma prática comum entre os agricultores.
Porém, neste ano, eles colocaram o pé no acelerador. Em todo o país, mais da metade da nova safra de soja já está vendida, montante muito acima do registrado no mesmo período do ano passado.
Em Maringá, por exemplo, o produtor Ivo Antonini comercializou toda a soja que será plantada no final deste mês e no início de outubro. A colheita ocorrerá em 2021.
“Eu ouvia falar que essa soja poderia ir até R$ 100, mas eu não acreditava. Surgiu esse contrato de R$ 100 e a gente fez para segurar as dívidas. Foi um bom negócio”, diz Ivo.
No Paraná, porém, os produtores não costumam fechar contratos para dois anos adiante. A venda da safra de 2022 tem ocorrido mais entre os agricultores de Mato Grosso.
Além da alta de preços, o Brasil vive um momento de produção em níveis historicamente altos. A safra de soja 2020/2021 deve ultrapassar de 133 milhões toneladas, de acordo com a primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
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