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Meio Ambiente

A preocupação do pai de Greta Thunberg com os ataques à filha: 'Ela está feliz, mas me preocupo com os haters'

Svante Thunberg conta que achava ‘uma péssima ideia’ a filha faltar aula para combater as mudanças climáticas. Jovem ativista sueca Greta Thunberg em novembro de 2019
Nicholas Kamm/AFP
O pai da ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, achava “uma péssima ideia” a filha assumir a “linha de frente” da batalha contra as mudanças climáticas.
Em entrevista à BBC, Svante Thunberg contou que “não era favorável” à filha faltar aulas em nome da greve escolar pelo clima — movimento iniciado por Greta que inspirou milhões de pessoas ao redor do mundo.
Mas, segundo ele, Greta está muito mais feliz desde que se tornou ativista ambiental — embora ele se preocupe com o “ódio” que ela enfrenta por parte de algumas pessoas.
As declarações de Svante Thunberg foram ao ar na segunda-feira uma edição especial do programa de rádio Today da BBC, que teve Greta como editora convidada.
Na mesma transmissão, a jovem ativista sueca conversou com o apresentador e naturalista britânico David Attenborough, que afirmou que ela havia “acordado o mundo” para as mudanças climáticas.
Ela ligou para Attenborough pelo Skype, de Estocolmo, na Suécia, onde ela mora, e contou como ele inspirou o ativismo dela.
O naturalista disse a Greta que ela “alcançou coisas que muitos de nós que trabalhamos na área há 20 anos não conseguimos”.
Svante Thunberg e a filha cruzaram o Atlântico a bordo de um veleiro sustentável para participar da cúpula do clima em Nova York
Kena Betancur/Getty Images/ BBC
E acrescentou que a jovem foi a “única razão” para que a mudança climática se tornasse um dos principais tópicos nas eleições gerais do Reino Unido.
Greta foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz deste ano, após liderar um movimento global exigindo que os líderes mundiais tomem medidas em relação às mudanças climáticas, o que levou a um movimento internacional de greves escolares em todo o mundo pelo clima.
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A apresentadora da BBC Mishal Husain embarcou de avião para a Suécia para entrevistar a adolescente e o pai.
A decisão de pegar um voo — o que Greta se recusa a fazer por causa do impacto ambiental — foi explicada pela editora do Today, Sarah Sands:
“Nós simplesmente não tínhamos tempo para [outros] meios de transporte. Mas o nosso cinegrafista era de lá, e a entrevista de Greta com David Attenborough foi feita por Skype, que parecia ser a maneira mais adequada para os dois se comunicarem.”
Luta contra a depressão
Em entrevista a Husain, Svante Thunberg contou que a filha, diagnosticada com síndrome de Asperger, uma forma de autismo, lutou contra a depressão por “três ou quatro anos” antes de começar a greve na escola.
“Ela parou de falar… parou de ir à escola”, relembra.
E “seu pior pesadelo” foi quando Greta começou a se recusar a comer.
Para ajudar na recuperação da filha, Thunberg passou mais tempo em casa com ela e sua irmã mais nova, Beata. A mãe de Greta, Malena Ernman, cantora de ópera que representou a Suécia no festival de música Eurovision em 2009, cancelou contratos para que toda a família pudesse ficar unida.
Nos anos seguintes, eles começaram a discutir e pesquisar sobre as mudanças climáticas, à medida que Greta se tornava cada vez mais apaixonada por combater o problema.
Como defensores dos direitos humanos “muito ativos”, os pais foram acusados por Greta de serem “grandes hipócritas”.
“A Greta perguntava: ‘Vocês estão defendendo os direitos humanos de quem?’, já que não estávamos levando a questão climática a sério”, explicou Thunberg.
Segundo ele, Greta influenciou os pais a adotarem hábitos mais sustentáveis — sua mãe, por exemplo, opta por não viajar de avião, enquanto seu pai se tornou vegano.
Thunberg também acompanhou a filha em suas viagens a bordo de um veleiro sustentável para participar das cúpulas climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, nos EUA, e em Madri, na Espanha.
“Fiz todas essas coisas, sabia que eram as coisas certas a fazer… mas não fiz para salvar o clima, fiz para salvar minha filha”, diz.
“Tenho duas filhas e, para ser honesto, elas são a única coisa que importa para mim. Só quero que elas sejam felizes.”
Thunberg afirma que Greta “mudou” e ficou “muito feliz” em consequência do seu ativismo.
“Você acha que ela não é [uma garota] comum agora, porque ela é especial, é muito famosa e tudo mais. Mas para mim ela é agora uma criança comum — ela pode fazer todas as coisas como as outras pessoas [fazem]”, explica.
“Ela dança, ri muito, nos divertimos à beça — está numa fase muito boa.”
Alvo de ataques
No entanto, desde que a greve escolar de Greta viralizou na internet, Thunberg diz que ela foi alvo de ataques de pessoas que “não querem mudar” seus estilos de vida para salvar o meio ambiente.
Recentemente, Greta disse que as pessoas a atacam por sua “aparência, roupas, comportamento e diferenças”.
O pai dela afirmou que estava particularmente preocupado com “as notícias falsas, com todas as coisas que as pessoas tentam inventar — e o ódio que isso gera”.
Mas acrescentou que a filha lida com as críticas “incrivelmente bem”.
“Sinceramente, eu não sei como ela faz isso, mas ela ri a maior parte do tempo. Acha hilário.”
Thunberg espera que as coisas se tornem “menos intensas” para sua família no futuro — e acredita que Greta “realmente quer voltar para a escola”.
Ele lembra que, quando Greta fizer 17 anos em breve, ela não vai precisar mais ser acompanhada nas viagens.
“Se ela precisar de mim lá, vou tentar estar lá”, declarou. “Mas acho que ela vai, cada vez mais, fazer isso sozinha, o que é ótimo.”
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