Além disso, a entidade calcula que a atual crise deve destruir 300 mil postos de trabalho. Noronha está fechada para o turismo
Ana Clara Marinho/TV Globo
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, em 11 de março, o setor de turismo acumula perdas de R$ 62,5 bilhões, diz um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Além disso, a entidade calcula que a atual crise deve destruir 300 mil postos de trabalho.
Um dos mais afetados pela crise, o segmento foi fortemente impactado pela intensificação de medidas visando à redução do ritmo de expansão da doença, como o isolamento social e o fechamento das fronteiras em diversos países.
“Existe uma grande correlação entre o fluxo de passageiros, que caiu drasticamente no país, e a geração de receitas no Turismo. O cenário para o setor, que já era bem negativo há dois meses, se agravou nas semanas seguintes, alcançando uma paralisia quase completa nos dois últimos meses, a ponto de praticamente triplicarem-se os prejuízos no período”, explica o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Segundo a Confederação, a perda de R$ 13,4 bilhões, durante o mês de março, chegou a R$ 36,94 bilhões em abril e a R$ 12,24 bilhões somente nos dez primeiros dias de maio, totalizando mais de R$ 60 bilhões de perdas em relação ao período pré-pandemia.
Além disso, Alexandre Sampaio, diretor do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da entidade, chama atenção para o potencial número de empregos que podem desaparecer.
“Sabemos que todos os setores da economia estão sendo afetados, mas o segmento voltado ao Turismo terá o processo mais longo de recuperação, temos uma projeção de 300 mil desempregados. Vamos fazer o que for possível para minimizar os efeitos negativos no nosso setor”, afirma.
SP e Rio concentram prejuízo
Os estados do Rio de Janeiro (R$ 8,86 bilhões) e São Paulo (R$ 22,60 bilhões), principais focos da covid-19 no Brasil, concentraram mais da metade do prejuízo nacional registrado pelo setor.
“Os aeroportos desses dois estados chegaram a registrar taxas de cancelamento diárias superiores a 90%, no fim de março. Em abril, com quedas de até 99% nessas localidades, o cancelamento médio diário cedeu, refletindo o ajuste da oferta de transporte aéreo ao novo patamar de demanda”, destaca Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo.
Considerando os 16 maiores aeroportos do Brasil – responsáveis por mais de 80% do fluxo de passageiros –, as taxas de cancelamento de voos nacionais e internacionais saltaram de uma média diária de 4%, nos primeiros dias de março, para 93% até o fim de março. Em relação à última semana de fevereiro, o número de voos confirmados diariamente recuou 91% em relação ao período anterior à pandemia.
Tombo do setor de serviços
Os primeiros impactos do coronavírus sobre o setor de serviços já foram sentidos em dados oficiais do mês de março. Nesta terça (12), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o volume de serviços prestados no Brasil teve queda recorde de 6,9%, na comparação com fevereiro.
Trata-se do pior resultado mensal já registrado na série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em janeiro de 2011. Foi a segunda queda mensal consecutiva do setor, que já tinha recuado 1% em fevereiro.
Setor de serviços tem retração de 6,9% em março, pior resultado da série histórica
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