72% dos entrevistados disseram não ter renda nenhuma caso percam a fonte de sustento. Levantamento foi feito pelo Data Favela com 1.142 entrevistas em 262 favelas de todos os estados do Brasil. Moradores colocam alertas no Complexo do Alemão sobre o coronavírus.
Divulgação/Voz das Comunidades
A necessidade de isolamento e de quarentena em razão do novo coronavírus ameaça a renda da maioria dos moradores das favelas brasileiras, aponta uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (24): 72% dos entrevistados dizem não ter conseguir manter o padrão de renda por ausência de reservas.
Questionados a respeito, 75% dos moradores se disseram muito preocupados com a renda em consequência do coronavírus –70% afirmam que tiveram em alguma medida a renda impactada. Para 86%, vai faltar dinheiro para comprar itens básicos, como comida.
Para conter o avanço do vírus, todas as capitais do país pararam o comércio.
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O levantamento “Coronavírus nas favelas” foi feito pelo Data Favela com 1.142 entrevistas em 262 favelas de todos os estados do Brasil. Foram entrevistados homens e mulheres de 16 anos ou mais entre os dias 20 e 22 de março. A margem de erro é de 2,9 pontos percentuais para cima ou para baixo.
O Data Favela é uma parceria do Instituto Locomotiva e da Central Única das Favelas (Cufa). No Brasil, cerca de 13,6 milhões de pessoas moram em favelas, de acordo com o Data Favela.
Outras conclusões da pesquisa
97% dos moradores disseram ter mudado a rotina com as medidas de isolamento;
86% entre aqueles que são pais disseram que os filhos deixaram de ir para a escola;
Sem os filhos na escola, para 84% os gastos em casa aumentaram;
Para 75% dos entrevistados, ter os filhos em casa dificulta trabalhar ou obter renda;
47% dos moradores são autônomos;
19% têm carteira assinada;
86% sentiram algum impacto onde trabalham por conta do novo coronavírus;
71% dependem do trabalho para sobreviver;
54% disseram estar muito preocupados com o trabalho e ter medo de perder emprego;
75% dos moradores estão muito preocupados com a renda por causa do coronavírus;
84% acham que a renda vai diminuir;
79% estão cortando gastos;
68% ficariam com a renda comprometida;
‘Geladeira vazia’
Para Celso Athayde, fundador da CUFA e do Data Favela e coordenador do movimento #FavelaContraOVirus, “o corona atinge a população de forma desigual”.
“Existem aqueles que, ainda bem, conseguem ficar no conforto do seu lar, com a geladeira cheia, fazendo home office. No entanto, a pesquisa deixa claro que existe milhões de brasileiros, autônomos, e com a geladeira vazia (…) Cesta básica ajuda, mas é, de novo, um morador da cidade dizendo para o morador da favela o que ele tem direito. Mais efetivo seria transferir renda diretamente para que eles pudessem comprar o que precisam”, afirma.
“Por mais que isso soe alarmista, esse quadro pode indicar uma situação de convulsão social num futuro próximo”, diz Renato Meirelles, fundador do Data Favela.
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