No último trimestre de 2019, 4,56 milhões buscavam emprego havia um ano ou mais. Desemprego continua maior entre negros, mulheres e jovens. Dados divulgados nesta terça-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 2,9 milhões de brasileiros desempregados (25% do total) buscavam trabalho há pelo menos 2 anos no trimestre encerrado em dezembro.
O número é 6,5% menor que o registrado no final de 2018, quando 3,1 milhões de desempregados se encontravam nessa situação. O recuo acompanha a taxa média nacional de desemprego, que caiu de 12,3% em 2018 para 11,9% no ano passado.
Tempo de procura de trabalho
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Do total de desempregados no 4º trimestre de 2019, outros 1,65 milhão (14,2%) procuravam trabalho há mais de 1 ano e há menos de 2 anos. Outra parcela de 1,86 milhão (16%) buscava trabalho há menos de um mês. A maior fatia, um contingente de 5,21 milhões (44,8%), estava desempregada entre 1 mês e menos de 1 ano.
O chamado desemprego de longa duração, uma dos piores legados da crise no mercado de trabalho, recuou no ano passado. O país tinha 4,56 milhões de pessoas em busca de emprego havia um ano ou mais no último trimestre de 2019, 8,6% abaixo de igual período de 2018.
O desemprego de longa duração é definido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como pessoas que procuraram emprego continuamente por pelo menos 1 ano.
“Considerando, principalmente, que o desalento se manteve estável, [essa redução na fila do desemprego de longa duração] não parece ser um indicador de que as pessoas desistiram de procurar trabalho, mas de que, possivelmente, conseguiram uma ocupação”, avaliou a gerente da pesquisa, Adriana Beringuy.
Nas regiões Nordeste e no Norte, o chamado desemprego de longa duração segue acima da média nacional, com um percentual. A taxa de desempregados que buscam emprego há pelo menos 2 anos ficou em 29,9% no 4º trimestre no Nordeste e em 25,7% no Norte.
No trimestre encerrado em dezembro, a taxa de desocupação ficou em 11%, atingindo 11,6 milhões de pessoas, conforme já tinha sido divulgado anteriormente pelo IBGE.
Desocupação nos estados: desemprego cai em nove das 27 unidades da Federação no 4º trimestre
O número de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) ficou em 4,6 milhões de pessoas de 14 anos ou mais.
Desemprego cai em 16 estados em 2019, mas 20 têm informalidade recorde
Apesar da queda no desemprego no ano passado, a taxa média anual de informalidade em 2019 ficou em 41,1% da população ocupada, maior nível desde 2016, e também foi recorde em 20 estados. O indicador refere-se à soma dos trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregado.
Segundo Adriana, a pesquisa trouxe indicadores que apontam para uma melhora quantitativa do mercado de trabalho, como o aumento da população ocupada e a redução do tempo de espera para sair do desemprego.
“Em termos estruturais do mercado de trabalho, 2019 é um ano importante porque é o terceiro ano em que se observa uma melhora quantitativa, mas mesmo assim ainda observamos que indicadores ligados à qualidade do trabalho que precisam melhorar”, avaliou.
Só SP e MT tiveram alta no emprego com carteira assinada
Na comparação com 2018, apenas Mato Grosso e São Paulo tiveram aumento no número de trabalhadores com carteira assinada – respetivamente 44 mil e 472 mil a mais, segundo o IBGE.
Questionada sobre o que influenciou esse aumento do trabalho formal sobretudo em São Paulo, a gerente da pesquisa, Adriana Beringuy, disse não ser possível afirmar com precisão. “Tudo indica que foi uma soma de pequenas reações em alguns setores [econômicos]”, disse.
O aumento do emprego formal no estado de São Paulo correspondeu a 51,5% do saldo líquido positivo do emprego com carteira assinada no país. “Isso mostra a importância desse estado na geração de emprego formal no país.
Evolução da taxa de desemprego
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Pretos e pardos são 64,8% dos desempregados
Os números do IBGE também mostram que o desemprego continua maior entre negros, mulheres e jovens.
No 4º trimestre, 51,8% do total de desempregados no país eram pardos, seguidos dos brancos (34,2%) e dos pretos (13%). Em 2012, os pardos representavam 48,9% dos desocupados, seguido dos brancos (40,2%) e dos pretos (10,2%).
A taxa de desemprego dos que se declararam brancos (8,7%) ficou abaixo da média nacional, enquanto a dos pretos e pardos ficaram acima, em 13,5% e 12,6%, respectivamente.
Taxa de desemprego de 9,2% para homens e de 13,1% entre mulheres
Na divisão por sexo, a taxa de desemprego ficou em 9,2% para os homens e 13,1% para as mulheres no 4º trimestre. O nível da ocupação dos homens, no Brasil, foi estimado em 65% e o das mulheres, em 46,2%.
Entre os jovens na faixa de 18 a 24 anos, a taxa de desemprego ficou em 23,8%. A maior taxa segue no grupo de 14 a 17 anos (39,2%). Já nos grupos de 25 a 39 anos (10,3%), 40 a 59 anos (6,6%) e de 60 anos ou mais (4,2%), o desemprego ficou abaixo da taxa média nacional (11%).
Na análise por escolaridade, a maior taxa de desemprego foi observada no grupo com ensino médio Incompleto ou equivalente, atingindo 18,5% no 4º trimestre, seguido pelo grupo de trabalhadores com ensino superior incompleto (12,5%) e pelo segmento que tem apenas o ensino fundamental completo (12,3%). Já a menor é entre aqueles com ensino superior completo (5,6%).
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