Pesquisa recebeu R$ 60 mil de fundo e também busca incentivar ribeirinhos ao ecoturismo no Sul do Amapá. Em 2019, pesquisadores localizaram árvore com 88 metros de altura. Expedição vai em busca de 5 novas árvores gigantes em reserva no Sul do Amapá
Rafael Aleixo/Setec
Em 2019, pesquisadores brasileiros e britânicos localizaram a maior árvore da Amazônia, de 88 metros de altura, dentro uma reserva de conservação de uso sustentável, na divisa do Amapá com o Pará. Uma nova expedição científica, arriscada entre rios e corredeiras, pretende iniciar o mapeamento e estudo de mais “gigantes”.
Por que o tamanho da árvore mais alta da Amazônia intriga cientistas
O que se sabe é que elas são exemplares de Dinizia excelsa ducke, espécie mais conhecida como Angelim-Vermelho. Para conhecer melhor a região, o projeto de pesquisa formulado em Laranjal do Jari, no sul do Amapá, recebeu R$ 60 mil do Fundo Natura para Desenvolvimento Sustentável das Comunidades (Fundo Iratapuru).
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Além de aprofundar o estudo sobre as gigantes, o projeto também deve potencializar o uso sustentável dos recursos naturais em atividades econômicas desenvolvidas na região, aprimorando práticas como o extrativismo, o turismo ecológico, o cooperativismo e a produção artesanal de quem mora na região, principalmente ribeirinhos.
A maior árvore foi encontrada a 220 quilômetros da “civilização” mais próxima, numa área muito remota da Floresta Estadual do Parú, no Pará. O exemplar é equivalente a um prédio de mais de 20 andares e supera todas as catalogadas na Amazônia, que não passavam dos 70 metros. Também há registro de, ao todo, 15 árvores gigantes na região.
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A expedição no ano passado foi coordenada pelo professor Eric Bastos Gorgens, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Desta vez, o doutor em ciências florestais e professor do Instituto Federal do Amapá (Ifap) em Laranjal do Jari, Diego Armando Silva é quem comandará a pesquisa.
Também compõem a equipe outros pesquisadores do Ifap, e ainda das universidades Federal (Unifap) e Estadual (Ueap), além do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
(da esq. à dir.) Diego Armando, Carla Samara Campelo e Welber Andrade são do Ifap e vão compor projeto de estudo das árvores gigantes
Ifap/Divulgação
A intenção é, em um ano, estudar e mapear 4 árvores gigantes identificadas no interior da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Iratapuru, região conhecida como Médio Jari.
“Em março a gente deve iniciar a capacitação da comunidade São Francisco do Iratapuru, para que no período de junho a agosto aconteçam as expedições em busca das 4 árvores gigantes encontradas na RDS do Rio Iratapuru”, explicou o pesquisador Diego Armando.
Viagem de 220 quilômetros de barco foi necessária até chegar na reserva
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Exemplares do Angelim Vermelho são comuns com até 60 metros de altura, mas com quase 90 foi uma descoberta extraordinária. Experiência inesquecível até para quem a escalou.
A partir da viagem realizada em 2019, faltava identificar qual relação dessas árvores gigantes e longevas – com mais de 400 anos – com o ambiente ao redor e como elas atuam para a preservação da floresta. E ainda, por que chegam a esse tamanho, o que interfere nesse crescimento e como ela consegue absorver água e nutrientes.
Além disso, os pesquisadores também incluíram no projeto a oferta de cursos de manejo sustentável e de conservação do patrimônio genético para as cerca de 20 famílias residentes na comunidade de São Francisco do Iratapuru, localizada no entorno da RDS, no município de Laranjal do Jari.
“O projeto aprovado representa, além do desdobramento das árvores gigantes, uma interação entre as comunidades científica e as locais em busca do desenvolvimento da região”, destacou coordenador da pesquisa.
Angelim Vermelho é encontrado normalmente em exemplares de até 60 metros
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Áreas de ‘árvores gigantes’
Tudo partiu de um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que identificou árvores com alturas muito acima do normal nesta região do estado.
Antes de encarar a viagem pelo rio Jari, pesquisadores de universidades do Brasil, Finlândia e Reino Unido já tinham analisado dados de 594 coleções de árvores espalhadas por toda a Amazônia brasileira. A busca por terra validou o que já havia sido identificado por satélites.
O estudo, realizado por diversas instituições de ensino e pesquisa do Brasil e exterior, começou em 2016, foi financiado pelo Fundo da Amazônia, e resultou na expedição Jari-Paru: em busca da árvore gigante.
Usando uma espécie de “radar laser” que faz sensoriamento remoto, os pesquisadores identificaram 7 regiões com árvores gigantes, todas com altura superior a 80 metros.
Seis dessas coleções estavam na região do Rio Jari, entre os estados do Amapá e Pará, incluindo a gigante mor.
Pesquisadores brasileiros e estrangeiros participaram da expedição
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Para se ter uma ideia da dimensão da descoberta, os maiores árvores do mundo são as sequoias-gigantes, que podem medir de 85 a 110 metros e são naturais do hemisfério norte.
Por que a descoberta é importante?
Para o professor Eric Gorgens, a descoberta da árvore mais alta da Amazônia brasileira é uma prova de como ainda se conhece pouco sobre a floresta e mostra a importância da preservação.
“Toda vez que a ciência encontra algo nunca antes imaginado, acende um alerta voltado para a preservação. Imagina a quantidade de plantas, animais, insetos entre outras coisas que ainda estão para ser descobertos”, afirma.
Expedição busca árvore com mais de 80 metros de altura no Parque do Tumucumaque
Equipe de amapaenses no pé da maior árvore da Amazônia
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