A prévia do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 divulgada nesta sexta-feira (14) pelo Banco Central, registrando alta de 0,89%, aponta dúvidas sobre a capacidade de recuperação da economia brasileira depois da severa recessão de 2015 e 2016.
Se o índice for confirmado pelo dado oficial do IBGE, mostrará que o Brasil está sem tração para um crescimento mais forte e precisa de ajustes mais profundos para voltar a ter um ritmo mais veloz.
Na avaliação de assessores presidenciais, o recado é claro.
Primeiro, é necessário seguir com as reformas estruturais. A da Previdência foi importante, mas não suficiente para garantir a retomada dos investimentos. Segundo, o governo precisa acelerar seu ajuste fiscal para abrir espaço para o investimento público, principalmente em infraestrutura e saneamento, além de vitaminar programas sociais.
Além disso, se os dados oficiais de fato registrarem um crescimento em 2019 abaixo dos observados em 2017 e 2018, começará um debate interno no Banco Central e entre economistas se não há espaço para que o Comitê de Política Monetária (Copom) volte a reduzir a taxa Selic, referência para o mercado, que hoje está em 4,25%.
Na última reunião do Copom, quando reduziu a taxa em 0,25 ponto percentual, o órgão informou que o processo de afrouxamento da política monetária estava interrompido.
No ano passado, a frustração pelo crescimento ocorreu por fatores fora do controle da equipe econômica, como o acidente da Vale em Brumadinho (MG), que afetou a mineração, e a recessão econômica na Argentina. Se esses eventos não tivessem ocorrido, o país poderia ter um crescimento adicional de 0,7 ponto percentual.
Mas um outro fator poderia ser manejado pelo governo, a votação da reforma da Previdência Social.
Os conflitos entre o Palácio do Planalto e o Congresso no primeiro semestre do ano passado atrasaram a votação da mudança nas regras da aposentadoria no país. Com isso, o ânimo dos investidores foi afetado nos seis primeiros meses de 2019. O clima mudou apenas depois de setembro, depois que a Câmara concluiu a votação da proposta e a encaminhou para o Senado, que encerrou a votação antes do final do ano.
Agora, a equipe econômica vai monitorar de perto os indicadores econômicos dos primeiros meses de 2020 para checar se a economia está realmente num ritmo que garanta um crescimento acima de 2% neste ano.
A previsão do Ministério da Economia aponta uma alta na casa de 2,5%, mas se as reformas forem aprovadas. Economistas já começam, porém, a rever suas previsões para a casa dos 2%.
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