Bolsonaro diz que incluir governadores no Conselho da Amazônia 'não resolve nada' thumbnail
Meio Ambiente

Bolsonaro diz que incluir governadores no Conselho da Amazônia 'não resolve nada'

Ao transferir conselho do Ministério do Meio Ambiente para Vice-Presidência, Bolsonaro excluiu governadores. Presidente disse que eles serão consultados sobre decisões na região. Bolsonaro responde às críticas sobre mudanças no Conselho da Amazônia
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (13) que incluir governadores no Conselho Nacional da Amazônia “não resolveria nada”. Ele ressaltou, no entanto, que não vai tomar decisões sobre a região sem consultá-los.
Bolsonaro foi questionado, durante entrevista na saída do Palácio da Alvorada, se foi dele a decisão de excluir os governadores do conselho, agora chefiado pelo vice-presidente Hamilton Mourão.
Ao assinar o decreto que transferiu o colegiado do Ministério do Meio Ambiente para a Vice-presidência, Bolsonaro deixou de fora os governadores da Amazônia Legal. A composição anterior do conselho, estipulada em um decreto de 1995, incluía os governadores. Integram a Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.
Segundo Bolsonaro, ter governadores e secretários municipais no colegiado tornaria o grupo muito grande e prejudicaria a eficiência dos trabalhos, além de gerar despesas.
“Se você quiser que eu bote, está aqui o Atila Lins [deputado federal PP-AM] para responder. Se você quiser que eu bote governadores, secretários de grandes cidades, vai ter 200 caras. Sabe o que vai resolver? Nada. Nada”, disse Bolsonaro, que acrescentou:
“Tem bastantes ministros. Nós não vamos tomar decisões sobre estados da Amazônia sem conversar com governador, com a bancada do estado. Se botar muita gente ,é passagem aérea, hospedagem, uma despesa enorme, não resolve nada”, completou o presidente.
Bolsonaro destacou que Mourão tem amplo conhecimento da região, por ter trabalhado na Amazônia durante sua carreira militar – o vice-presidente é general da reserva do Exército.
O presidente também afirmou na entrevista que a organização não-governamental Greenpeace, que desenvolve ações de proteção ambiental, é uma “porcaria” e um “lixo”.
Ele foi questionado sobre posição da entidade, que destacou que o Conselho da Amazônia não tem meta nem orçamento.
“Quem é Greenpeace? Quem é essa porcaria chamada Greenpeace? Isso é um lixo! Isso é um lixo!”, afirmou Bolsonaro.
O Greenpeace é uma das organizações mais famosas de preservação do meio ambiente. Fundada em 1971, a entidade afirma que faz ações não violentas para pressionar empresas e governos a adotar soluções em prol do meio ambiente. Algumas dessas ações são envoltas em polêmicas, como no caso do navio Artic Sunrise – em 2013, o capitão da embarcação e outros 30 tripulantes, entre eles uma brasileira, chegaram a ser presos depois de uma ação contra uma plataforma de petróleo da Gazprom no Ártico. Eles foram acusados de pirataria e de vandalismo.
Em 2019, ao realizar um ato contra as manchas de óleo no litoral do Nordeste, a entidade deixou 6 toneladas de lixo no local da manifestação. Segundo a diretora de campanhas do Greenpeace Brasil, Tica Minami, o lixo deixado no local fazia parte do protesto. Três manifestantes foram detidos por descarte irregular de lixo, mas foram liberados no mesmo dia.
Atualmente, o Greenpeace desenvolve campanhas pela preservação da Amazônia, emergência climática, proteção de oceanos, contra agrotóxicos na alimentação, em prol do Ártico e dos ursos polares, das abelhas, dos corais da Amazônia e de um mundo verde e pacífico.
Após a declaração, o Greenpeace divulgou uma nota para responder o presidente. No texto, a ONG disse lamentar que Bolsonaro “tenha uma postura tão incondizente com o cargo que ocupa”.
“A organização existe há quase meio século e está presente em 55 países. No Brasil, atua há 28 anos defendendo o meio ambiente e colaborando, inclusive, com autoridades na denúncia de crimes ambientais. Ao longo da história, nossa postura crítica a quem promove a destruição ambiental já causou muitas reações desequilibradas dos mais diferentes personagens. Estamos apenas diante de mais uma delas. Nestes casos, o incômodo de quem destrói o meio ambiente soa como elogio”, escreveu o Greenpeace.
Governadores reagem à exclusão do Conselho da Amazônia
Críticas
O governador do Amapá e presidente do Consórcio de Estados da Amazônia Legal, Waldez Góes, lamentou e classificou como “retrocesso” a exclusão dos governadores eleitos do Conselho da Amazônia.
Waldez disse esperar “bom senso” do Planalto para revisar a composição do colegiado.
“Precisamos andar juntos para enfrentar os desafios amazônicos e garantir mais dignidade e inclusão para nossa população. Estamos à disposição para contribuir com o debate e construção de políticas e estratégias nacionais em conjunto com o novo Conselho”, declarou Goés.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, também criticou a saída dos governadores do grupo. Na sua opinião, a decisão não foi boa a “democracia do país”
“É um método geral do governo Bolsonaro, infelizmente. Uma visão extremista, belicista, de afastamento de setores sociais, políticos e econômicos e isso não é bom para a democracia brasileira”, disse Dino.
Cotação do dólar
Bolsonaro também comentou a cotação do dólar, que vem atingindo nos últimos dias os maiores valores nominais (sem considerar a inflação) da história do real. Nesta quarta-feira (12), a moeda fechou a R$ 4,35.
Bolsonaro disse considerar o valor “um pouquinho alto”. “Eu, como cidadão, está um pouquinho alto, está um pouquinho alto o dólar”, disse.
O presidente não quis comentar a declaração do ministro da Economia Paulo Guedes, que afirmou que o dólar mais baixo permitia empregadas domésticas irem à Disney, nos Estados Unidos.

Tópicos