Pesquisadores fazem expedição entre o Amapá e o Pará para complementar monitoramento. Região é considerada a que pode ter mais danos por receber influência da bacia e do oceano. Imagem do Satélite Copernicus Sentinel-2A mostra região onde Rio Amazonas encontra o Oceano Atlântico
Agência Espacial Europeia/Divulgação
Uma expedição no Rio Amazonas e afluentes realizada por especialistas coleta informações sobre vazão e nível dos rios e ainda perfis de linha de água para validar dados que anteriormente foram analisados através de satélites da Agência Espacial Francesa e da Nasa. A intenção é aprimorar as previsões de inundações na região principalmente entre o Amapá e o Pará.
O estudo faz parte de um acordo de cooperação assinado entre o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) – empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia – e o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento da França (IRD).
A viagem para realizar a coleta presencial dos dados começou na quarta-feira (29). São 10 cientistas do CPRM, do IRD, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), que saíram de Santarém (PA), tendo como destino final o município de Santana (PA).
Para esse estudo são utilizadas informações extraídas do monitoramento feito por satélites como ICESat-2, SENTINEL-3 e JASON-3, sobre a Bacia Amazônica, a maior hidrográfica do mundo, que abrange Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Amapá, e ainda Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana e Bolívia.
Representação artística do ICESat-2, cujas informações são utilizadas para este estudo
NASA Goddard/Divulgação
Daniel Moreira é engenheiro cartógrafo do CPRM e é representante brasileiro do comitê científico desta expedição. Segundo ele, a região entre o Amapá e o Pará é a que pode sofrer grandes inundações pelas influências que os rios recebem.
“Nessa região, os rios sofrem influências das águas que vêm de toda a Bacia Amazônica e também dos efeitos de maré do Oceano Atlântico […]. Com as possíveis mudanças no clima, que podem trazer cheias e secas mais fortes e também o nível do mar que está aumentando, todas essas questões podem impactar a população que está próxima aos rios e precisamos estudar para avaliar os possíveis impactos dessa mudança”, comentou Moreira.
Os dados de satélite e de campo devem contribuir para entender melhor esses fenômenos e para quantificar e prever os possíveis cenários. O estudo é considerado inovador e vai utilizar dados de satélite pelos próximos 5 anos para monitorar a extensão da situação.
“No Brasil temos redes de estações de monitoramento hidrológico instaladas ao longo dos rios, no entanto temos muita dificuldade de acesso a informações sobre bacias compostas por outros países. Mas para os satélites não existem fronteiras, então podemos saber se está acontecendo uma cheia da Bacia Amazônica na parte da Bolívia, Peru ou Colômbia por exemplo, e essas águas chegarão no território brasileiro também podendo causar inundações. Por isso ter essa informação de satélite em regiões fora do nosso território é muito importante”, acrescentou o engenheiro cartógrafo.
A equipe científica concentrará parte dos estudos em Óbidos (PA) porque a área recebe uma alta quantidade de água no Rio Amazonas. A previsão é que a expedição termine no dia 11 de fevereiro, no Amapá.
VIla de Sucuriju, no município de Amapá, vive sob influência do rio, assim como muitos moradores do estado
André Penna/Arquivo Pessoal
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