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Avanço do mar no ‘inverno amazônico’ ameaça praia de água salgada mais ao Norte do país

Vídeos mostram a ação da água salgada. Erosão é fenômeno natural, no entanto preocupa quem mora na região. Prefeitura de Calçoene prevê muro de arrimo, mas faltam recursos. Águas do oceano avançam na Praia do Goiabal, no interior do AP
Cada vez mais perto da margem, o avanço do mar na Praia de Goiabal – a praia de água salgada mais ao Norte do país – preocupa os moradores e empreendedores que atuam na região, que é turística em Calçoene, a 374 quilômetros de Macapá.
Vídeos gravados pelo empresário Daniel de Rocha, dono de uma pousada na região, mostram o quanto a água do oceano invade a praia, em direção à Colônia de Pescadores. Esse avanço, segundo ele, é cada vez mais significativo, se aproximando das casas e pousadas da região.
Avanço do mar no ‘inverno amazônico’ causa erosão na Praia do Goiabal, a praia de água salgada mais ao Norte do país
Rede Amazônica/Reprodução
Foto de março de 2018 da Praia do Goiabal, em Calçoene, mostra que água não chegava a um trecho da margem
Jim Davis Almeida/Arquivo Pessoal
O empresário detalha que a água está a apenas 5 metros de distância do principal acesso da praia, uma estrada sem pavimentação, abaixo do nível do mar.
“A população está desesperada, com medo de que a maré avance mais. A maré avançando nesse ponto de 5 metros, acabou o Goiabal. A água passa a entrar no ramal que é mais baixo do nível do mar”, falou Rocha.
Goiabal é a única praia de água salgada do Amapá e é ponto turístico na região
Prefeitura de Calçoene/Divulgação
A Praia do Goiabal é a única salgado do Amapá. Ela possui extensão de 40 quilômetros de faixa de areia. Às margens vivem cerca de 80 moradores que fazem parte de uma colônia de pescadores.
De acordo com o Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro, que integra o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), a erosão que ocorre na região é resultado do aumento do nível do mar e da intensidade das ondas.
“Essa é uma das áreas do estado que mais tem retração de linha de costa, ou seja, os processos erosivos vão corroendo. Isso é uma questão natural, mas esse processo é potencializado por questões climáticas, atmosféricas. Esse período é de inverno amazônico, com mais chuvas, mais vento, então tende a impactar mais a praia”, declarou Orleno Marques da Silva Júnior, coordenador do Programa.
O G1 registra a destruição natural causada na região desde 2016. Força da maré prejudicou imóveis que estavam instalados na praia.
Orleno Marques da Silva Júnior, coordenador do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro do Iepa
Rede Amazônica/Reprodução
A comunidade quer que seja construída uma barreira de contenção para amenizar o avanço da água.
A prefeitura de Calçoene informou que há um projeto para a construção de um muro de arrimo na praia, mas que não há recursos para executar o projeto. A gestão declarou que busca parcerias para essa construção. Em 2018 a gestão já citava a intenção de construir uma calçada na praia.
De acordo com o Iepa, o que seria mais viável para solucionar o problema seria a colocação de blocos de pedras que impedissem o avanço da água. Mas, para isso, seria necessária a realização de estudos na região.
“Como temos falta de dados sobre vento, correntes e ondas, no primeiro momento a indicação mais provável seria colocar blocos de pedras para barrar a intensidade da força das ondas, que chegam com menos intensidade na praia, então diminui o processo erosivo. Mas, para qualquer intervenção, a gente precisa de monitoramento contínuo. Com esse cenário a gente consegue propor intervenções mais pontuais”, explicou Marques.
O empresário declara que teme que a solução não chegue a tempo.
“Lá nós temos o Zeca, Dedeco, Cabeção, Natanael, Bicudinho, Edilson. Todos eles são pais de famílias. São 80 pessoas esperando que as autoridades possam fazer alguma coisa para salvar a Praia do Goiabal. É um paraíso”, finalizou Rocha.
Daniel de Rocha, empresário, detalha como está situação da praia
Rede Amazônica/Reprodução
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