Uma delegação da ONG internacional Human Rights Watch se reuniu nesta segunda-feira (20), pela primeira vez, com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
A conversa foi para discutir ações e apresentar preocupações com as políticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro, especialmente em relação à crise na Amazônia.
Na conversa, representantes da ONG disseram ao ministro que, se o governo não mudar a posição sobre o meio ambiente, o “desmatamento desenfreado” continuará.
“Enquanto o governo Bolsonaro não mudar radicalmente a retórica e também as ações em relação às redes criminosas por um lado, e os defensores da floresta por outro, sejam eles membros de ONGs, moradores locais e mesmo fiscais das agências ambientais, o desmatamento desenfreado vai continuar e certamente ficará pior”, disse ao blog a diretora da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu, que participou da reunião com o ministro.
A conversa aconteceu uma semana após o relatório anual da Human Rights Watch dizer que o governo Bolsonaro enfraquece agências ambientais e reduz a fiscalização na Amazônia.
O documento foi divulgado na última quarta-feira (15) e analisa a situação dos direitos humanos no mundo. No relatório, a ONG repete que políticas do governo Bolsonaro “deram carta branca a redes criminosas” na área ambiental.
Segundo a ONG, na reunião, o ministro reconheceu que a “atuação de redes criminosas é um problema sério e central na dinâmica de desmatamento ilegal”.
“Porém, ele não reconheceu as múltiplas formas em que o governo tem contribuído para a aceleração da destruição da floresta, tampouco apresentou um plano com medidas concretas para combater e reduzir efetivamente os níveis altíssimos de desmatamento ilegal que seja baseado no fortalecimento das agências ambientais e da sua capacidade fiscalizatória”, disse Canineu.
O blog procurou o ministro Salles, que afirmou ter aberto o diálogo com a ONG e que está à disposição para manter contato para troca de informações. Ele disse à reportagem que propôs levar representantes da organização a operações do governo na Amazônia.
Sobre as críticas da ONG à política ambiental do governo, Salles disse discordar por serem “casos genéricos”. A respeito da mudança de retórica, o ministro disse que o governo Bolsonaro “tem convicções de que é preciso desenvolver economicamente a região”.
Salles afirmou que uma das respostas ao grupo que recebeu nesta segunda foi a criação do conselho da Amazônia, anunciado nesta terça pelo presidente Bolsonaro.
O ministro afirmou que o conselho terá uma força nacional ambiental, que funcionará à “imagem e semelhança” da força de segurança pública.
“Serão policiais militares dos estados, um espelhou da força de segurança pública com potencial de reunir milhares de agentes para atuar nas operações da Amazônia”, completou Salles.
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