Aeronaves e milhares de bombeiros e militares estão em campo tentando combater as chamas, mas o primeiro-ministro tem sido duramente criticado por ter demorado a agir, tirado férias no Havaí em plena crise e por minimizar o impacto das mudanças climáticas nesse episódio. Milhares de bombeiros e militares estão tentando combater as chamas, mas o primeiro-ministro tem sido duramente criticado por ter demorado a agir
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Amplas áreas da Austrália foram devastadas pelos piores incêndios que o país viveu em décadas.
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Temperaturas recordes e meses de seca ajudaram a propagar o fogo, que atingiu cerca de 10 milhões de hectares (100.000 km²) desde o início de julho. As condições climáticas melhoraram no fim de semana, dando aos bombeiros um respiro.
Mas autoridades dizem que grandes incêndios vão persistir até que venham chuvas em grande volume. Temperaturas elevadas são esperadas para a próxima semana e ainda há riscos de propagação de queimadas.
Enquanto isso, milhares de bombeiros, militares e voluntários ainda lutam contra o fogo.
Cidades inteiras foram devoradas pelas chamas e moradores de diferentes Estados australianos perderam suas casas. Pelo menos 28 pessoas morreram.
Autoridades estaduais e federais têm trabalhado em conjunto para conter a propagação das chamas. Certos focos foram contidos em poucos dias, mas muitos continuam ativos há meses.
O que está sendo feito para conter os incêndios? Será que algo poderia ter sido feito para prevenir esse desastre?
Várias pessoas estão envolvidas na luta contra o fogo
Pelo menos 3,7 mil bombeiros integram os esforços de combate aos incêndios. A maioria está nos Estados de New South Wales e Victoria, os mais afetados.
No período de maior concentração de focos de incêndio, 2,7 mil bombeiros atuaram só em New South Wales.
Várias pessoas estão envolvidas na luta contra o fogo na Austrália
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Ben Shepherd, do serviço de bombeiros desse Estado, disse que seus colegas lidaram com 4,2 milhões de hectares de terras queimadas desde julho do ano passado, quando o normal seriam 300 mil hectares nessa temporada de poucas chuvas.
“Tem sido uma temporada incrivelmente longa”, disse.
Equipes de bombeiros de todo o país se juntaram aos 3 mil militares do Exército, Marinha e Aeronáutica que estão apoiando as buscas, resgates e esforço de limpeza das áreas afetadas.
Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia enviaram efetivos e equipamentos para ajudar.
Equipamentos pesados e diversas aeronaves estão sendo usadas
Bombeiros estão usando uma combinação de aeronaves e equipamentos de solo para combater o fogo.
Em New South Wales, cerca de 100 aeronaves chegam a operar no mesmo dia quando há grande concentração de focos de incêndio. Já os bombeiros de Victoria dizem que mais de 60 aeronaves são usadas naquele Estado.
No total, mais de 500 aeronaves estão disponíveis para o combate a incêndios em todo o território australiano, de acordo com o National Aerial Firefighting Centre (Centro Aéreo de Combate ao Fogo), que tem a sua própria frota de cerca de 130 aeronaves prontas para dar reforço aos Estados, quando solicitado.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, também anunciou que usará US$ 14 milhões no aluguel de aeronaves estrangeiras para uso no combate aos incêndios.
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Os perigos que as equipes enfrentam ficaram evidentes na semana passada, quando um helicóptero de bombeamento de água se chocou contra um reservatório na região de Bega Valley Shire, quando estava reabastecendo o tanque. O piloto sobreviveu.
Segundo os bombeiros de New South Wales, mais de 750 veículos operam no solo todos os dias.
Aeronaves militares e navios da Marinha também têm sido usados. As Forças Armadas dizem que enviaram suprimentos, pessoal e veículos para a devastada Ilha dos Cangurus, perto da cidade de Adelaide, no sul da Austrália.
O Exército também enviou missões de reconhecimento e apoio a New South Wales e Victoria.
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Governo sob críticas
O primeiro-ministro tem enfrentado várias críticas por não ter se antecipado à crise, pela demora em agir quando ela começou e pela relutância em admitir a ligação entre os incêndios e as mudanças climáticas.
Morrison acabou forçado a pedir desculpas por ter viajado de férias com a família para o Havaí no mês passado, no auge da crise.
O premiê disse estar arrependido da forma como lidou com o desastre inicialmente e disse que uma comissão iria investigar a resposta que o governo deu.
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Ele também prometeu liberar US$ 1,4 bilhão para ajudar o país a se recuperar. Mas Morrison está sendo pressionado a fazer mais para cortar as emissões de carbono da Austrália e combater as mudanças climáticas, que têm provocado um aumento nas temperaturas médias do país.
Milhares de pessoas em toda a Austrália participaram de manifestações em prol de medidas para conter o aquecimento global na semana passada.
Os últimos dados do Escritório de Meteorologia da Austrália mostram que 2019 foi o ano mais quente e seco já registrado no país.
Essas condições foram provocadas pelo aquecimento global e por um fenômeno climático chamado dipolo do Oceano Índico, que consiste num raro aquecimento estratosférico.
No ano passado, a temperatura média no país foi 1,52° C mais alta que a média de 21,8° C entre 1961 a 1990. O recorde anterior tinha sido em 2013, quando o país viu um aumento de 1,33° C.
O clima mais quente provocou um aumento nos incêndios e na duração do período de queimadas.
Mas o número de focos de incêndio na temporada de queimadas da Austrália tem aumentado desde 1988. Um relatório de 2007 da Agência Federal de Ciência da Austrália previu que incêndios mais intensos ocorreriam partir de 2020, diz Tim Curran, professor de ecologia da Lincoln University, na Nova Zelândia.
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Reuters
A escala e intensidade dos incêndios neste ano e o fato de que eles tendem a se tornar um fenômeno comum indicam que as autoridades australianas terão de adotar medidas para preparar o país para os anos que virão.
O professor da Universidade de Sydney Dale Dominey-Howes, diretor do grupo de estudos sobre desastres naturais na Ásia e Pacífico, argumenta que a crise de incêndios atual e o fato de ela afetar simultaneamente diferentes Estados e territórios representa o “novo normal”.
Para ele, o governo precisa agir. “Precisamos de novas abordagens de manejo de desastre, como uma equipe profissional que possa ser acionada a qualquer momento do ano e ser deslocada a qualquer ponto do país para responder a diferentes tipos de desastres”, defendeu.
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