O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quarta-feira (27) declarações do deputado francês Vincent Trébuchet, que comparou a carne brasileira a lixo durante uma sessão na Assembleia Nacional da França. O parlamentar afirmou que “nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo”, referindo-se ao acordo Mercosul-União Europeia (UE).
Lula respondeu à provocação durante um evento em Brasília, afirmando:
“Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva em um deputado francês que achincalhou os produtos brasileiros. Porque nós vamos fazer o acordo do Mercosul.”
Resolução do acordo ainda em 2024
A França é uma das principais opositoras ao acordo entre Mercosul e UE, alegando preocupações com concorrência desleal e padrões ambientais. Apesar disso, Lula reforçou que o tratado será concluído:
“Se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam nada. Quem apita é a Comissão Europeia. A Ursula von der Leyen [presidente da comissão] tem procuração para fazer o acordo, e eu pretendo concluir isso ainda este ano.”
Lula também destacou a importância de resolver o impasse, mencionando que está envolvido com o tema há mais de duas décadas.
Conflito com o Carrefour
As declarações de Lula ocorrem em meio à recente crise envolvendo a rede varejista francesa Carrefour. Na semana passada, o CEO do grupo, Alexandre Bompard, anunciou que deixaria de comercializar carnes do Mercosul, alegando preocupações com padrões ambientais.
A fala gerou uma reação imediata do setor produtivo brasileiro, que iniciou um boicote à empresa. Como resultado, Bompard enviou uma carta de desculpas ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ressaltando a “qualidade e respeito às normas” da carne brasileira e atribuindo a controvérsia a um “mal-entendido”.
Acordo Mercosul-UE em xeque
O acordo entre Mercosul e União Europeia, em negociação desde 1999, enfrenta resistência de agricultores franceses e outros países europeus preocupados com a concorrência do agronegócio brasileiro. A França tem liderado os esforços para endurecer as exigências ambientais do tratado, gerando atritos com os países sul-americanos.
Apesar disso, Lula reafirmou seu compromisso em avançar com o acordo, fortalecendo as relações comerciais entre os blocos.
Fonte:CNN Brasil
Foto:TodoDia
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