As investigações da Polícia Federal (PF) trouxeram à tona suspeitas de que membros da alta cúpula militar discutiram uma possível ruptura democrática para manter Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022. A operação Tempus Veritatis, realizada em fevereiro de 2023 e ampliada Ao longo do ano, revelou-se comprometido com as preocupações que chegaram ao topo da posição militar brasileira.
Entre os alvos da operação estão o general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército, e o almirante da reserva Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha. Além disso, a PF indiciou Bolsonaro, seu ex-vice, general Walter Braga Netto, e outros 35 aliados por suspeita de conspiração contra o Estado Democrático de Direito. A investigação revelou documentos, mensagens e relatos que sugerem a elaboração de planos para subverter a ordem constitucional, incluindo a convocação de novas eleições e a prisão de autoridades.
Risco real ou exagerado?
Para historiadores como João Roberto Martins, da Ufscar, e Francisco Teixeira da Silva, da UFRJ, o Brasil esteve “muito perto” de um golpe, embora o movimento tenha sido rejeitado pelo Alto Comando do Exército, formado por 16 generais de quatro estrelas. Segundo Martins, o apoio internacional à vitória de Lula e a ausência de condições detalhadas, como as que marcaram o golpe de 1964, desenvolveram-se para estimular a ruptura.
Por outro lado, especialistas como Carlos Pereira, da FGV, argumentam que a estrutura do sistema democrático brasileiro e a falta de adesão sólida dentro das Forças Armadas impedem um risco real de ruptura. Para ele, os ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, foram “o último suspiro de grupos delirantes”.
Próximos passos e punições
Se condenados, militares envolvidos poderão perder as suas patentes, caso a Justiça comum imponha penas superiores a dois anos. O Superior Tribunal Militar (STM) terá de avaliar a indignidade ou incompatibilidade dos oficiais com o serviço militar, um processo que seria inédito no Brasil pós-ditadura.
As investigações e eventuais condenações levantam debates sobre a fragilidade da democracia brasileira e o papel das Forças Armadas. Para Carlos Fico, da UFRJ, “celebrar que o Alto Comando não tenha optado pelo golpe é um lembrete de que a alternativa existia”.
Críticas e defesa
Aliados de Bolsonaro criticaram as investigações, classificando-as como “perseguição política”. O senador Hamilton Mourão e outros políticos da oposição acusaram a PF e o STF de arbitrariedade e perseguição a militares e à direita.
Uma resposta do Estado às tentativas de ruptura será crucial para definir os limites da democracia brasileira e consolidar uma mensagem clara contra as novidades futuras.
Fonte:Correio Braziliense
Foto:BBC
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