O Carrefour, maior varejista da França, decidiu interromper a comercialização de carnes provenientes do Mercosul — bloco composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (18) pelo CEO da empresa, Alexandre Bompard, em resposta à insatisfação dos agricultores franceses com o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Motivação da decisão
Bompard justificou a medida ao afirmar que o acordo proposto apresenta riscos de permitir a entrada no mercado francês de carnes que não atendam aos padrões exigidos localmente. “Após ouvir o desânimo e a raiva dos agricultores franceses, tomamos essa decisão. Não venderemos carne do Mercosul, independentemente de preços e quantidades oferecidas”, disse ele em comunicado divulgado nas redes sociais.
A declaração é direcionada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (Fnsea), entidade que organizou protestos contra o acordo, incluindo bloqueios de rodovias. Os agricultores pressionam o presidente Emmanuel Macron a vetar a proposta caso seja mantida em sua forma atual.
Impacto no setor
Bompard destacou que a decisão do Carrefour pode inspirar outras empresas do setor agroalimentar, especialmente no mercado de catering, que responde por cerca de 30% do consumo de carne na França.
Por outro lado, o Carrefour Brasil afirmou que a decisão não afetará as operações no país.
Resposta do Brasil
Em nota, a ApexBrasil lamentou o posicionamento do Carrefour, destacando que os produtos do Mercosul seguem rigorosos padrões sanitários e ambientais. A agência ressaltou a qualidade da carne brasileira, reconhecida por mais de 160 países, incluindo a União Europeia.
“Estranhamos esse movimento da gigante varejista em meio a pressões protecionistas, no momento em que Mercosul e União Europeia estão próximos de fechar um acordo que beneficiará milhões de pessoas”, declarou a ApexBrasil.
A agência afirmou que continuará trabalhando com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) para ampliar as exportações brasileiras e abrir novos mercados.
Contexto do acordo
O acordo entre Mercosul e União Europeia tem sido alvo de intensos debates. Na última semana, o primeiro-ministro francês, Michel Barnier, afirmou que a França não deve aceitar os termos atuais da proposta. Enquanto isso, a pressão de sindicatos agrícolas e consumidores aumenta, refletindo uma preocupação sobre a concorrência e os padrões de produção no setor alimentício europeu.
Fonte:Correio Braziliense
Foto:Diário do Brasil Notícias
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