O cinema brasileiro perdeu uma de suas maiores referências: Vladimir Carvalho, cineasta e documentarista de Brasília, faleceu aos 89 anos, deixando um legado de obras que traduzem o olhar sensível e crítico sobre o Brasil e sua gente. Com a partida ocorrida devido a complicações após um infarto, Vladimir estava feliz ao ver o projeto de transformar sua Fundação Cine Memória em um museu do cinema ganhar impulso.
O corpo será velado hoje no Cine Brasília, e o enterro acontecerá na ala dos pioneiros do Cemitério Campo da Esperança. Em sua homenagem, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decretou luto oficial de três dias.
Vladimir Carvalho foi um pioneiro e um defensor apaixonado do cinema brasileiro, como enfatizou o cineasta José Eduardo Belmonte, que o descreve como “um dos maiores documentaristas do país e um professor generoso”. Para Walter Carvalho, irmão de Vladimir e também cineasta, a relação era de admiração mútua e aprendizado constante, refletindo a paixão de Vladimir pelo cinema e pelo humanismo, que transparecia em suas obras.
Entre os destaques de sua filmografia, “Conterrâneos Velhos de Guerra” (1990) é considerado por Vladimir como seu filme mais representativo. A obra destaca o papel dos operários que construíram Brasília e denuncia a violência que esses trabalhadores enfrentaram, em contraste com a narrativa oficial. Em filmes como “O País de São Saruê”, o cineasta retrata a luta do povo nordestino, evidenciando as condições difíceis dos migrantes que buscavam uma vida melhor na capital.
Para Silvio Tendler, renomado documentarista e amigo de Vladimir, o cineasta paraibano é um dos maiores do cinema brasileiro, comparável a lendas internacionais. “Sempre digo que Vladimir foi o grande documentarista brasileiro. Ele é o João Cabral de Melo Neto do cinema brasileiro: seco, ferino e único”, resumiu.
A crítica de cinema e cineasta Maria do Rosário Caetano, ex-aluna de Vladimir, destaca o impacto de seu trabalho no cinema nacional. Para ela, o documentário brasileiro atual deve muito à visão de Vladimir, que direcionou o foco para questões sociais e deu voz ao homem comum, ao trabalhador e ao camponês.
Vladimir deixa um inestimável legado, traduzido em obras que permanecerão vivas na memória do cinema brasileiro.
Fonte/Foto:Correio Braziliense
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