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Após mais de uma década, Oeste Paulista regride e registra desmatamento de grande área de Mata Atlântica, indica pesquisa

Conforme dados da SOS Mata Atlântica, região não tinha degradações acima de 20 hectares até 2021, quando mais de 35 hectares de área florestal foram alvo de máquinas em Sandovalina (SP). Análise de imagens de satélite mostra área desmatada em Sandovalina (SP)
SOS Mata Atlântica
Desde 2008, o Oeste Paulista não registra desmatamentos de áreas maiores de 20 hectares. Contudo, após mais de 12 anos, houve uma regressão com a detecção de quase 36 hectares de degradação em Sandovalina (SP) pelo Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica, e disponibilizado na plataforma “Aqui Tem Mata?”.
O levantamento da fundação refere-se ao período entre outubro de 2020 e outubro de 2021, e foi divulgado neste mês de julho.
De acordo com os dados disponíveis na plataforma “Aqui Tem Mata?” e verificados pelo g1, o último ano em que Sandovalina registrou desmatamento foi 2005, com 13 hectares degradados. A partir de 2008, não havia sido constatada degradação de tal magnitude na cidade.
Último desmatamento de grande área em Sandovalina (SP) havia sido detectado em 2005
Reprodução/Aqui Tem Mata?
Já no Oeste Paulista, os registros de desmatamento de maior magnitude ocorreram em 2005 e em 2008. Veja:
71 hectares, em Marabá Paulista (SP) (2005)
61 hectares, em Mirante do Paranapanema (SP) (2005)
20 hectares, em Rosana (SP) (2005)
28 hectares, em Dracena (SP) (2008)
A região de Presidente Prudente (SP) não tem desmatamento sistemático. “O que tem é um ou outro desmatamento isolado, que a gente detectou”, disse ao g1 o diretor da SOS Mata Atlântica e responsável pelo atlas, Luís Fernando Guedes Pinto.
Conforme avaliou o diretor, a área desmatada em Sandovalina está em uma região canavieira. “A gente não sabe o que veio no lugar, mas é uma região dominada por cana-de-açúcar”, disse.
Sandovalina (SP) teve quase 36 hectares de desmatamento, segundo levantamento da SOS Mata Atlântica
Reprodução/Aqui Tem Mata?
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Sobre os procedimentos adotados após a detecção de desmatamento, Pinto explicou que “a SOS Mata Atlântica disponibiliza esses dados para as autoridades públicas para que elas prestem conta em relação a esses desmatamentos, se eles foram legalizados ou se são ilegais e devem ser punidos”.
O diretor salientou que a fundação não costuma saber a motivação dos desmatamentos. “Nosso papel é detectar o desmatamento e informar à sociedade e à autoridade que ele existiu”, destacou.
A partir dessa constatação, a SOS Mata Atlântica comunica as autoridades competentes – como secretarias de Meio Ambiente, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e o Ministério Público – de que ocorreu a degradação e a localização.
“Cabe as autoridades tomarem as medidas para saber qual foi o motivo, se aquilo foi punido ou não foi, as consequências, se é necessário recuperar”, comentou ao g1.
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O desmatamento no Estado de São Paulo aumentou em 43% nessa edição do atlas. Foi um total de 311 hectares desmatados, contra 218 hectares no levantamento anterior.
“É um aumento importante, mas também é importante ter em mente que a área total desmatada é relativamente pequena em relação a outros estados. Os campeões de desmatamento são Minas Gerais, Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul. Minas Gerais teve 9 mil hectares de desmatamento, Paraná teve mais de 3 mil hectares, São Paulo teve 311, é uma área relativamente pequena, mas importante, e também não deveria acontecer”, ressaltou ao g1.
O diretor da SOS Mata Atlântica explicou que a constatação dos desmatamentos é feita a partir da interpretação de imagens de satélite. Ele ainda acrescentou que o atlas é uma colaboração da fundação e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e que o trabalho tem uma metodologia consolidada e consagrada há mais de 20 anos.
“A gente anualmente analisa as imagens de satélite e consegue detectar desmatamentos maiores do que três hectares em fragmentos florestais”, reforçou.
Aumento de mata
Mas as análises também podem ter constatado uma “contrapartida”. Rosana e Flora Rica (SP) apresentaram um aumento na área de Mata Atlântica das cidades, na comparação com o levantamento divulgado no ano passado.
Rosana: De 10.069,04 hectares para 10.085,72 ha
Flora Rica: De 1.412,36 hectares para 1.420,80 ha
De acordo com o diretor da fundação, é possível haver aumento e recuperação da Mata Atlântica no Estado de São Paulo. Segundo ele, o inventário florestal paulista feito pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente “mostra que, em dados gerais, a gente está recuperando as florestas e as áreas nativas do Estado de São Paulo”.
Contudo, esta recuperação ainda está “num ritmo relativamente lento”. “Ao mesmo tempo, a gente desmata, mas em algumas regiões as florestas estão voltando e, por isso, a gente tem uma área maior em Rosana, porque de fato a gente tem em alguns lugares, principalmente áreas abandonadas de beiras de rio, que estão voltando”.
“Então, é bem possível que essa recuperação tenha sido de áreas agrícolas abandonadas, que têm uma baixa aptidão agrícola e que não tinham mais produtividade, que foram abandonadas e que foram ou plantadas ou a floresta foi voltando aos poucos”, explicou ao g1.
Pinto salientou que é importante um município do Oeste Paulista ter aumento de Mata Atlântica.
“Nessa região de Presidente Prudente, a gente tem uma cobertura de Mata Atlântica muito pequena, menor do que deveria ter. Tem municípios com menos de 10% de floresta, a gente devia ter 30%, pelo menos, pra poder manter essa floresta”, contou.
“A gente precisa de florestas para proteger as nascentes dos rios, para evitar as crises hídricas, então, é muito importante aumentar a área de Mata Atlântica desses municípios”, enfatizou ao g1.
Conforme acrescentou Pinto, outros diversos municípios tiveram aumentos. “Eles são lentos e a gente consegue detectar depois de vários anos. De um ano pro outro, é uma coisa mais difícil para colocar”, comentou.
O diretor ainda ressaltou a importância da preservação florestal e de lembrar a relação entre o desmatamento no Brasil com as crises e mudanças climáticas.
Segundo reforçado por ele, o desmatamento tem deixado a população cada vez mais vulnerável, contribui para o aquecimento global e está contribuindo para os eventos climáticos extremos.
“Na região [de Presidente Prudente], são ondas de calor muito fortes, também são geadas que não haviam antes, secas muito acentuadas… Tudo isso porque a gente está cortando as nossas florestas, está secando as nossas nascentes, comprometendo nossos rios e contribuindo pras mudanças climáticas globais”, apontou.
Mesmo com baixo índice de desmatamento na Mata Atlântica, o Oeste Paulista tem pouca vegetação nativa e precisa restaurar e/ou recuperar florestas. Essa recuperação de área desmatada é possível através da restauração florestal, que é o plantio de uma nova floresta numa área que já foi desmatada.
“Isso a gente já tem toda a tecnologia para fazer e sabe como fazer, mas é importante ressaltar que a gente desmata uma floresta madura, adulta, e planta uma nova no lugar, e essa nova área só vai se transformar numa floresta madura depois de décadas e até depois de séculos. Então, a gente tem que restaurar, recuperar o que perdeu, mas tem algumas perdas que são até irreversíveis, porque a gente pode estar perdendo espécies, extinguindo espécies que não aconteciam e a recuperação demora muito pra chegar”, frisou ao g1.
Rosana(SP) apresentou leve aumento de área de mata
Prefeitura de Rosana
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