Kim Jong-un criticou o governo e o setor de saúde pública pela “atitude irresponsável”, de acordo com a agência oficial de Estado KCNA.
Durante uma reunião do Comitê executivo do Partido Comunista, ele reclamou que as farmácias não ficavam abertas 24 horas. O líder norte-coreano lamentou que os funcionários encarregados do abastecimento de medicamentos “não arregaçaram as mangas e não avaliaram corretamente a crise atual”, ainda segundo a KCNA.
Jong-un também ordenou ao exército de trabalhar “para estabilizar imediatamente o abastecimento de remédios em Pyongyang”, onde os primeiros casos de Covid-19 na Coreia do Norte foram oficialmente detectados semana passada.
O dirigente supervisiona pessoalmente as reuniões de emergência cotidianas do Comitê executivo e a mídia norte-coreana divulgou fotos de Kim Jong-un visitando uma farmácia na capital ontem (15).
Apesar das medidas de restrição de circulação, 1.213.550 pessoas foram contaminadas, 50 morreram e 564.860 estão sob tratamento médico, de acordo com a agência oficial, que não se refere expressamente à doença e usa a palavra “febre”, no lugar de Covid-19.
O sistema de saúde norte-coreano foi classificado 193º entre 195 países, por um estudo feito pela universidade americana Johns Hopkins, em 2022. Os hospitais do país contam com poucos equipamentos e unidades de terapia intensiva. Segundo especialistas, a Coreia do Norte não dispõe de nenhum tratamento contra a Covid-19 e não tem capacidade de realizar testes.
“Visitando uma farmácia, Kim Jong-un pôde ver com seus olhos a penúria de remédios na Coreia do Norte”, explica Cheong Seong-jang, pesquisador do Instituto sul-coreano Sejong. “A situação era talvez mais grave do que ele imaginava”, acrescenta.
A Coreia do Norte está completamente isolada do resto do mundo desde o início da pandemia, em 2020. A medida foi tomada para barrar o avanço do vírus em seu território. Mas especialistas acreditavam que era inevitável que a Covid-19 acabasse entrando no país, já que o casos explodiram nos países vizinhos com o surgimento da ômicron.
A Coreia do Norte recusou as ofertas de vacinas anticovid da China e do programa Covax da Organização mundial de Saúde, mas Pequim e Seul ofereceram ajuda novamente na semana passada.
Pyongyang necessitará ajuda pra superar a epidemia, mas o apoio de Pequim poderia não ser suficiente.
“Se a ajuda da China não for suficiente para vencer a epidemia, a Coreia do Norte acabará pedindo ajuda da Coreia do Sul, dos Estados Unidos ou de organizações internacionais”, prevê o especialista.
O presidente americano Joe Biden é esperado em Seul no fim de semana para encontrar o novo chefe de estado sul-coreano Yoon Suk-yeol. Os programas de armamento de Pyongyang e a epidemia de Covid-19 estarão entre os temas em discussão.
Fonte: rfi/ AFP)
Foto: R7
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