Entre todos os biomas, a situação é mais acentuada na Caatinga, onde o aumento no período deste ano já de mais de 100% em comparação com 2020. Queimada sobre área degradada no Parque Nacional Mapinguari, em Lábrea, Amazonas. 29 de julho
Christian Braga/Greenpeace
A Amazônia registrou 28.060 focos de calor em agosto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (1º) pelo Programa de Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o terceiro maior índice para o mês desde 2010, perdendo apenas para 2019 e 2020.
Apesar da alta nos registros do Inpe, o uso do fogo no bioma estar proibido desde 29 de junho, quando o governo federal publicou um decreto suspendendo a prática por 120 dias no território nacional.
Por isso, de acordo com o Greenpeace, todas as queimadas registradas em agosto na Amazônia são ilegais.
“Desde 2019, a quantidade de focos de calor registrada em agosto tem atingido patamares absurdos. É como se o governo tivesse criado um ‘padrão Bolsonaro’ de destruição, onde os focos de calor e desmatamento são bem superiores em comparação ao período anterior à gestão de Bolsonaro [antes de 2019]”, diz a Gestora Ambiental do Greenpeace, Cristiane Mazzetti.
Em relação aos focos de incêndio acumulados desde o começo do ano até agosto, a Amazônia soma 39.427 registros. No ano passado, o mesmo período teve 44.013 focos de incêndio.
Ainda considerando o período de 2021 na Amazônia, apenas em maio os focos registrados foram superiores ao total do mesmo mês do ano passado: 1.166 contra 829. Os números verificados nos oito meses do ano até aqui são inferiores às médias considerados pelo Inpe na série histórica desde 1998. A exceção ficou também por conta de maio, mês para o qual a média é de 1007 focos e foi superada.
Os municípios com o maior registro de fogo no Brasil no acumulado de 2021, até agosto, são:
Lábrea, Amazonas: 2,535 focos
Altamira, Pará: 2,251 focos
Porto Velho, Rondônia: 2,213 focos
Novo Progresso, Pará: 1,822 focos
Apuí, Amazonas: 1,766 focos
Entre os estados, o que mais queimou em 2021 foi o Mato Grosso, com 13.872 focos registrados desde janeiro. Logo em seguida aparece o Pará (10.448 focos) e o Amazonas (9.988 focos).
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Situação crítica nos demais biomas
Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Pampa já enfrentam, no acumulado parcial do ano, o maior número de focos de incêndio quando comparado ao mesmo período em 2020.
A situação é mais acentuada na Caatinga, onde o aumento no período deste ano já de mais de 100%. Veja o comparativo do acumulado de 2021 em comparação com os oito primeiros meses do ano passado nos três biomas:
Mata Atlântica: 11.659 focos até 31 de agosto de 2021, contra 9.668 focos em 2020 para o mesmo período em 2020
Cerrado: 31,566.001 focos até 31 de agosto de 2021, contra 24.205 focos para o mesmo período em 2020
Caatinga: 3.903 focos até 31 de agosto de 2021, contra 1.643 focos para o mesmo período em 2020
Pampa: 991 registros até 31 de agosto, contra 942 focos para o mesmo período em 2020
Tanto no Cerrado quanto na Caatinga, os números de fogo nos biomas ficaram acima da média histórica em todos os meses de 2021.
O Pampa Gaúcho viu no ano passado, sobretudo nos meses de fevereiro a abril, recordes na série histórica de queimadas.
O programa do Inpe contabiliza focos de incêndio, e não aponta o total de área queimada.
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Pantanal
Os focos de incêndio acumulados neste ano no bioma pantaneiro estão abaixo do verificado no mesmo período de 2020. No acumulado do ano, temos 2,384 registros. No ano passado, o período teve 10.153 focos de incêndio. Não houve nenhum mês com média acima da acumulada para cada mês na série histórica do Programa de Queimadas do Inpe.
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